Agrava-se no Afeganistão a hostilidade contra jornalistas
Com o regresso do governo talibã as restrições ao trabalho jornalístico agravaram-se e vários periódicos decidiram encerrar actividade no Afeganistão, com medo de represálias, informou Jon Allsop num artigo publicado no “Columbia Journalism Review”.
Segundo recordou Allsop, antes de retomarem o poder, os talibãs asseguraram que haviam alterado a sua conduta, e que iriam respeitar o direito à liberdade de imprensa, seguindo as directrizes islâmicas.
Contudo, afirmou o autor, as promessas não estão a ser cumpridas.
Conforme apontou Allsop, desde a retirada das tropas norte-americanas do território afegão, diversos jornalistas foram impedidos de exercer as suas funções, reportando ter sido alvo de ameaças e de violência física.
Por outro lado, alguns canais privados, como a Ariana e a TOLONews, testaram as promessas de tolerância do governo, e continuaram a emitir programas com mulheres jornalistas.
Ainda assim, estas empresas parecem ter adoptado uma linha editorial mais “moderada”, deixando de apostar em conteúdos de cariz político. Da mesma forma, as acções dos talibãs contra os cidadãos deixaram de ser noticiadas.
Além disso, acrescentou Allsop, o governo talibã não parece estar disponível a manter uma relação transparente com os “media”, já que a maioria dos seus membros não tem um porta-voz, e recusa-se a fazer declarações à imprensa.As medidas restritivas estendem-se, ainda, à cobertura noticiosa de manifestações sociais. Ademais, fotografar mulheres passou a ser proibido.
Setembro 21
Perante este cenário, diversos jornalistas ficaram desempregados, sem qualquer tipo de apoio financeiro, e sem possibilidade de abandonar o país. Aliás, numa entrevista anónima a Allsop, um antigo colaborador dos “media” descreveu um cenário de “ansiedade e desespero”.
“Já bati a todas as portas, e enviei candidaturas para todas as empresas que trabalham com jornalistas. A minha esperança está a esmorecer”.
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