Agrava-se a repressão na Turquia contra jornalistas e media

Burhan Sonmez, escritor turco traduzido e publicado em numerosos países europeus, assume que o curdo é “a minha língua-mãe, que tem sido proibida nas escolas e nas instituições oficiais durante cem anos”.
Conforme conta, entre os 15 media de expressão curda recentemente fechados encontra-se a revista literária Tiroj, onde ele mesmo colaborava, Jinha, uma agência de notícias curda inteiramente composta por mulheres, e Evrensel Kultur, uma revista cultural socialista.
Descrevendo a abrangência da repressão lançada sobre todas as formas de oposição a pretexto do falhado golpe de Julho, Burhan Sonmez afirma que foi talvez por isso que o Presidente Recep Erdogan disse na noite da tentativa de golpe: “Isto foi uma dádiva de Deus.”
“A princípio, o alvo eram os apoiantes do ‘Movimento Gulenista’, que estariam por detrás do golpe. O curioso é que os Gulenistas pró-Islâmicos foram os melhores aliados de Erdogan nos últimos 15 anos. Eles fizeram muito mal enquanto trabalhavam juntos, mas agora estão a combater-se entre si. Depois de se libertar dos elementos Gulenistas, o Governo concentra agora toda a força contra os seus adversários mais tradicionais: curdos, alauitas, secularistas e socialistas.” (...)
“Enquanto todas estas coisas acontecem na Turquia, a maior parte das pessoas não tem consciência disso devido às restrições e enviezamento impostos aos media. A maioria dos canais de TV, ou não faz a cobertura de determinados casos, ou faz a transmissão de modo distorcido. Por outro lado, os mesmos canais transmitem ao vivo todos os discursos de Erdogan, como foi a 12 de Janeiro, quando um ataque suicida matou dez turistas em Instambul. Erdogan fez um discurso no mesmo dia e dedicou apenas 44 segundos à tragédia, sem mencionar que o atacante tinha ligações ao Estado Islâmico. Mas falou durante dez minutos a respeito dos Académicos pela Paz, um grupo de docentes universitários que assinaram uma declaração exigindo uma solução pacífica para o conflito curdo.”
Mais informação no Público e em The Guardian