A pandemia de Covid-19 criou um paradoxo no sector mediático: se, por um lado, os cidadãos estão cada vez mais interessados em consumir informação, por outro, quem produz os conteúdos noticiosos está a ter dificuldade em subsistir.
De acordo com um artigo de Carlos Castilho, publicado no “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- no meio do turbilhão de notícias sobre a Covid-19, poucos conseguiram perceber como piorou a situação financeira dos jornais, como as redes sociais ficaram ainda mais fortes, como os jornalistas mergulharam num mar de incertezas noticiosas e como os Governos se aproveitaram do caos para promover a discórdia e as teorias da conspiração.
Segundo Castilho, o volume de informação só não deixou de corresponder às expectativas dos leitores porque as plataformas digitais conseguiram avançar, ainda mais, num território antes dominado pela imprensa escrita e audiovisual.
Este avanço veio minar o já débil cenário informativo, visto que as redes sociais contribuem para corromper a percepção pública do que é a notícia, o jornalismo e do que fazem os jornalistas.
Isto porque, desde logo, estas plataformas facilitam a participação, activa, dos cidadãos, na formação da opinião pública, dificultando a diferenciação entre o que é facto, uma versão, uma opinião, uma meia verdade ou uma mentira.
Maio 20
Ora, no ambiente caótico de uma pandemia, esta diferenciação torna-se, mesmo, uma “missão impossível”.
Da mesma foram, os cenários de uma possível recuperação dos jornais não são auspiciosos.
Os meses de Abril e Maio foram desastrosos para os “media” de todo o mundo, e até mesmo as publicações mais conceituadas se viram obrigadas a dispensar parte da sua força trabalhadora ou a entrar em regime de “lay-off”.
O jornalismo local foi, especialmente, fustigado. No Brasil, as redacções comunitárias estão a fechar a um ritmo sem precedentes, aumentando o número de “desertos noticiosos”.
De acordo com o autor, problema não é falta de material para publicar, mas sim a agonia financeira que contamina as empresas jornalísticas, a velocidade e intensidade semelhantes à do Coronavírus.
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