A Xinhua tem uma presença internacional crescente, com mais de 170 delegações no estrangeiro e o maior número de correspondentes de qualquer agência noticiosa em todo o mundo. 

“Antigamente, a Xinhua admirava a Reuters e a AP – Associated Press, e queria chegar lá”  -  diz Xin Xin, um ex-jornalista da Xinhua, hoje docente de Comunicações Internacionais na Universidade de Westminster. “Mas, subitamente, a Xinhua apercebeu-se de que continuava a expandir-se, enquanto as outras agências de notícias reduziam a dimensão.” Naturalmente, como agência estatal, a Xinhua não depende de receitas da publicidade. 

Sean Gourley, fundador e CEO da Primer, uma empresa de machine intelligence, com sede em San Francisco, sublinha que a Xinhua pode juntar-se ao grupo das grandes redes noticiosas muito depressa  -  e adquirir muita influência: 

“Temos a AP, a Reuters, a emissão da CNN, e algumas outras, mas não são muitas, e estas redes reverberam [replicam-se] maciçamente”  - afirma. “As agências noticiosas têm um papel enorme em dar o tom da conversa, muito mais do que lhes atribuímos.” (...) 

Conforme a autora do artigo que citamos, “se a ‘inteligência artificial’ amplificar a voz da Xinhua para fora da China, a agência vai ter um impacto global dramático sobre o modo como as notícias são espalhadas”: 

“A agência estatal tem má reputação pelas suas palavras proibidas, pontos sem acesso sobre questões de direitos humanos, acusações de espionagem e, mais recentemente, por ter feito a lista das contas Twitter de The New York Times que adquiriam falsos seguidores.” 

“Em 2016, depois de ter publicado o que se crê ser uma confissão forçada de um editor aparentemente raptado, Guo Minhai, os Repórteres sem Fronteiras pediram sanções da União Europeia contra a Xinhua, denunciando-a como uma ‘arma de propaganda de massas’ que tinha de facto ‘deixado de ser uma agência noticiosa’.” (...) 

“Além de bloquear palavras ou excluir conteúdos do noticiário, o governo controla cuidadosamente os media requerendo o uso do conteúdo da Xinhua. 

“A primeira prioridade do Partido Comunista Chinês é a de irradiar narrativas positivas sobre a China, contando a ‘boa história chinesa’”  - explica Sarah Cook, analista da Ásia Oriental na Freedom House

“Trata-se de apresentar o governo comunista e o regime autoritário a uma luz positiva, retratando-o como benigno, desvalorizando os problemas dos direitos humanos, sublinhando os sucessos económicos e, ao mesmo tempo, suprimindo as vozes críticas e, se necessário, usando estas vias para vilipendiar os críticos.” (...) 

Sarah Cook define isto como “censura positiva”. Se aparecer cobertura de acontecimentos negativos ou temas politicamente sensíveis, como tensões crescentes no mar do Sul da China ou [referências à] independência de Taiwan, o governo frequentemente requere o uso da versão da Xinhua

“Temos então basicamente a mesma reportagem, em todos os jornais ou websites, exactamente com as mesmas palavras.” (...)

E quando aparecem reportagens que não se ajustam à narrativa preferida pelo Partido Comunista Chinês, a Xinhua tem procurado lançar sementes de dúvida sobre a validade dessas histórias. (...) 

“Do ponto de vista de alguém que tem trabalhado nos media, há uma forte ênfase em ser-se o primeiro, no que respeita à experimentação”  -  afirma Jarrod Dicker, que dirigiu um laboratório de investigação digital  em The Washington Post, sobre a utilização da IA na redacções de todo o mundo. 

“Trata-se de ver se isto funciona antes de mais ninguém.” E não é só a Xinhua que quer ser a primeira; outras empresas de media estão também a integrar a IA no seu funcionamento  - incluindo a Associated Press e a Reuters. (...) 

 

O artigo citado, na íntegra, na Columbia Journalism Review.  E a notícia de Janeiro, sobre o início desta tecnologia na Xinhua.