Acordos com a Google poderão resultar em “oligopólio” de notícias
No início de Outubro, a Google anunciou que iria estabelecer acordos com 200 “publishers”, num investimento de cerca de 850 milhões de euros. Segundo um comunicado da empresa de tecnologia, o objectivo do “Google Showcase” passaria por ajudar os editores de notícias no processo de transformação digital e apoiar um “jornalismo de qualidade”, agregando os seus conteúdos.
Contudo, a definição de “jornalismo de qualidade” não foi clarificada, o que levanta algumas questões quanto às intenções da empresa norte-americana, considerou Janara Nicoletti num artigo publicado na revista “objETHOS”, e reproduzido no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Segundo recordou a autora, cerca de 200 organizações, de seis países, integram a iniciativa na sua fase inicial, lançada em Outubro no Brasil e Alemanha.
No Brasil, 20 organizações compõem, para já, o projecto, mas iniciativas premiadas como “Agência Pública”, “Nexo” e “The Intercept Brasil” não fazem parte do portfólio. Da mesma forma, na Alemanha, os conteúdos do conceituado “Tageszeitung” também não integram a iniciativa.
Portanto, os termos de licenciamento das marcas integrantes do projecto não são claros. E, ao definir qualidade sem critérios específicos, a empresa de tecnologia exclui todos os negócios jornalísticos que não se enquadram ou aceitam as suas normas, comprometendo, assim, a democratização do discurso mediático.
Outubro 20
Aliás, o jornalista Joshua Benton, do “Nieman Lab”, considerou que todos os países participantes na fase inicial do projecto têm em comum “ tentativas de manipular o seu poder de mercado”.
Segundo a autora, esta iniciativa vem, assim, permitir a formação de uma espécie de oligopólio, numa escala global, para o consumo de notícias, sob o domínio da Google.
Até porque, ao “etiquetar” a qualidade, segundo critérios de modelo de negócio, a empresa está a desconsiderar factores como diversidade de discurso.
Este tipo de acção pode resultar em consequências preocupantes, especialmente porque países como o Brasil possuem uma concentração mediática, que impõe um posicionamento hegemónico sobre linhas editoriais económicas e políticas nos “media”.
A autora conclui, assim, que, apesar de o novo agregador de notícias ter o potencial de oferecer aos utilizadores uma diversidade infindável de fontes de informações confiáveis na palma da mão, os termos divulgados não parecem dar espaço para tal.
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