O ponto onde se cruzam todas estas questões é a consciência de uma crise onde se misturam as notícias deliberadamente falsas, a desinformação e o seu impacto sobre a liberdade de expressão, com a quebra de confiança nos media e a necessidade de uma nova ética jornalística. 

O Prof. Rasmus Nielsen fez a pergunta acima citada à luz das conclusões do mais recente Reuters Digital News Report, baseado num inquérito levado a cabo em 36 países, e já referido noutro local deste site

Apenas um quarto (24%) dos que responderam acham que as redes sociais estão a fazer bom trabalho na distinção entre facto e ficção, comparados com os 40% que preferem os meios noticiosos. “Dados qualitativos sugerem que os utentes sentem que a falta de regras e os algoritmos virais encorajam a proliferação rápida da baixa qualidade e das fake news.” 

Outro dos presentes, Pratik Sinha, o fundador e editor de Alt News, um site de fact checking, contou que o serviço de mensagens WhatsApp tem muita procura na Índia, em parte pelo baixo preço dos telemóveis, mas o que isto significa é que as pessoas “têm acesso à propaganda mas não têm meios de a verificar”. (...) 

Na sessão dedicada ao manual da UNESCO sobre a cobertura de actos de terrorismo foi citado o jurista francês Antoine Garapon: 

“Os media estão apanhados num dilema infernal. Por um lado, o seu eco pode tornar as vítimas nos mensageiros involuntários da busca de glória dos seus próprios carrascos; por outro lado, a auto-censura pode ser interpretada como capitulação. O medo pode conduzir ao sacrifício de liberdades duramente conquistadas e acabar por reduzir a diferença entre estados democráticos e autoritários  - precisamente aquilo que os terroristas pretendem.”

 

O texto citado, na íntegra, na Ethical Journalism Network, que contém os links para os documentos The Trust Factor (apresentado nesta conferência) e Terrorism and the Media, da UNESCO