A urgência de salvar a imprensa e as alternativas possíveis
Face às mais recentes perspectivas traçadas para o futuro do jornalismo, os diversos órgãos e meios de comunicação social procuram, cada vez mais, perceber como podem salvar a imprensa.
O governo deixou de ser visto como o “grande inimigo da livre circulação de informações” e várias propostas apresentam o jornalismo como um serviço de utilidade pública. Sendo o Governo o principal provedor de serviços públicos, competir-lhe-ia a preservação do livre fluxo de informações, refere Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
São três as soluções com maior visibilidade, para pôr fim à crise na imprensa.
A ajuda estatal, através de subsídios ou financiamentos, tem estado em debate na última década, nos Estados Unidos e na Europa. Em França, a imprensa já recebe subsídios do Estado, mas a medida é vista como “incapaz de garantir que os grandes jornais consigam voltar a ser altamente lucrativos”, refere.
Nos Estados Unidos, apesar de existirem dois projectos para aprovação no Congresso, para criar isenções fiscais e financiamento directo a grandes conglomerados e ao jornalismo local, estes estão parados na Câmara de Representantes e no Senado “por questões político-eleitorais”.
A ajuda do Estado pretende dar mais tempo aos grandes conglomerados para migrarem os seus investimentos para outras actividades. Já para os pequenos e médios empreendimentos jornalísticos, bem como para os profissionais autónomos, “a ajuda estatal é pouco confiável porque estará dependente da burocracia estatal e da conjuntura política”, afirma Castilho.
Setembro 22
Por isso, a implementação da ajuda do Estado não é uma solução que se possa esperar no imediato.
Outra alternativa reside no pagamento de direitos de autor, pela publicação de notícias em plataformas digitais como a Google e o Facebook. Inicialmente, estas empresas negaram-se a pagar, por não serem plataformas jornalísticas, mas, a partir de 2020, financiaram projectos de jornalismo.
Em 2021, o Governo australiano e a Google acordaram que a plataforma pagaria pela reprodução de notícias publicadas pelas empresas jornalísticas News Corporation, Nine Entertainment e Seven West Media.
Também o Governo do Canadá vai procurar negociar um acordo com as empresas, depois de os resultados parciais verificados serem positivos, passados 18 meses.
Por último, a formação de comunidades de leitores, ouvintes ou telespectadores pode ser, também, uma forma de garantir a sustentabilidade financeira, parcial ou total, de projectos jornalísticos.
Esta opção justifica-se pela contribuição através de assinaturas, mensalidades, doações ou prestação voluntária de serviços por parte dos seguidores de um projecto jornalístico. No entanto, este mecanismo de financiamento implica que os temas produzidos sejam de principal interesse para as comunidades de leitores.
Carlos Castilho realça, ainda, a falta de uma resposta certa e completa para a sobrevivência da imprensa na era digital, apesar de todos os estudos e debates sobre o assunto.
Num artigo publicado no Instituto Poynter, o media business analyst Rick Edmonds explica que se propôs a um exercício: verificar se os desertos de notícias, cidades que já não têm cobertura...
A directora executiva da BBC News, Deborah Turness, afirma que o alcance da empresa tem estado a “desafiar a gravidade” e que, por isso, a tecnologia deve ser usada para “apoiar e acelerar o...
O Relatório sobre a Liberdade de Imprensa na Europa 2024: Confronting Political Pressure, Disinformation and the Erosion of Media Independence, que promove a protecção do jornalismo e a segurança...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...