Estes fracos resultados manifestam-se, directamente, na qualidade da informação: quando o orçamento é limitado, os projectos jornalísticos de maior dimensão ficam para segundo plano e os “talentos da casa” podem sentir-se impelidos a optar por mudanças na carreira.


Talvez por isso, a imprensa portuguesa se tenha tornado “demasiado dependente” de outras entidades, como o Governo, Bancos ou alguns anunciantes, falhando em consolidar-se enquanto instituição e no cumprimento “do seu mais nobre e indispensável papel de informar”. 


De acordo com o autor, a actual situação explica-se através de “três principais vectores”.  São eles o poder político -- que tenta interferir na estrutura do sector e nas suas actividades informativas e editoriais -- , a falta de uma regulação adequada -- que deveria promover a inovação e uma concorrência aberta e saudável --  e a incapacidade de reestruturação -- já que as empresas têm resistido à alteração de estruturas accionistas ou de poder interno. 


Como tal, para haver uma revitalização da comunicação social, terá de proceder-se a alterações estruturais profundas. 


Para Carrapatoso, isso acontecerá quando o Governo começar a primar por um exemplo “de cultura democrática e de transparência na relação que estabelece” com a imprensa.


Da mesma forma, a regulação dos “media” terá de passar a focar-se no essencial : “na criação de um ambiente de sã concorrência e de estímulo à inovação, assente em legislação/regulamentação mais simples em contemporânea”.


Em terceiro lugar, Carrapatoso defende que cada empresa de comunicação social deverá completar a sua “reestruturação e a redefinição do seu negócio, fornecendo, também, melhores produtos para os seus públicos”, enquanto resistem a “pressões políticas e empresariais indesejáveis”.


“No fundo, será muito importante, para o país, que o espírito e a prática do bom jornalismo, qualificado e independente, que ainda existe entre nós, venha, finalmente, a prevalecer e que um número apreciável de empresas do sector, em verdadeira concorrência, e protagonizando os melhores projectos, venham a tornar-se fortes, saudáveis e auto-sustentáveis”.