A “uberização” do jornalismo chega às redacções da TV Globo
Com a pandemia, a TV Globo acelerou a sua "uberização", caracterizada pela alteração dos contratos dos seus colaboradores, e pela desvalorização do trabalho dos mesmos, denunciou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Ou seja, continuou Castilho, a TV Globo está agora a desenhar uma estrutura de produção jornalística marcada pela segmentação, partilha de recursos e “laissez faire”, semelhante ao modelo seguido pela empresa Uber, na qual os profissionais são obrigados a trabalhar em regime de “empresários em nome individual".
Assim, ao não renovar os contratos dos profissionais, a TV Globo está a fugir à maioria dos custos e dos riscos impostos pela legislação actual.
Além de alterar as relações entre os jornalistas e os empresários, a “uberização” dos “media” está a forçar os profissionais a alterar o seu “modus operandi”.
Agora, de forma a assegurarem os seus rendimentos, os colaboradores dos “media” estão a focar-se em temáticas de “nicho”. Desta forma, os jornalistas visam distinguir-se dos restantes profissionais, e continuar a ser relevantes para as empresas de comunicação.
Por outro lado, continuou Castilho, isto impõe novos desafios aos profissionais, que têm de lutar pela sua visibilidade, enfrentar a volatilidade dos interesses dos leitores, e aceitar a possível instabilidade financeira.
Esta “procura caótica” pela visibilidade pode, ainda, resultar na disseminação de conteúdos falsos, já que, quando confrontados com a sua própria vulnerabilidade profissional, os jornalistas poderão sentir-se tentados em abandonar a conduta ética, se isto significar mais dinheiro ao fim do mês.
Outubro 21
Além disso, enquanto “empresários em nome individual”, os jornalistas têm maior probabilidade de partilhar informações e recursos entre si, o que pode prejudicar a pluralidade informativa.
A “uberização” dos “media”, assinalou Castilho, assume-se, assim, como a primeira grande consequência na era digital, em que deixou de haver estabilidade e segurança.
Agora, concluiu o autor, os jornalistas enfrentam o desafio de continuarem a desenvolver uma nova cultura profissional, no qual seja estabelecida uma aliança entre as incertezas do sector e a valorização do jornalismo.
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