“Esta é a nova Turquia, o projecto ‘neo-otomanista’ do presidente Erdogan que, graças ao fracassado golpe de Estado de 15 de Julho  - que deixou 290 mortos e mais de 78 mil detidos -  tomou um impulso inesperado”  -  escreve Beatriz Yubero num texto publicado em Cuadernos de Periodistas, da Asociación de la Prensa de Madrid, com a qual mantemos um acordo de parceria.

“Este levantamento foi uma grande prenda que Deus nos deu”  - disse então Erdogan. O movimento Hizmet, dirigido por Fetullah Güllen, foi prontamente acusado de ser o verdadeiro promotor do golpe. A autora deste comentário recorda que, em Dezembro de 2013, Güllen desvendou “o maior caso de corrupção do AKP”, o partido de Erdogan. 

“No entanto, a Turquia tem hoje muito mais inimigos do que os gulenistas. As purgas políticas afectaram directamente os seculares laicos, os curdos, os académicos e, nesta última etapa, especialmente os jornalistas.” (...) 

Beatriz Yubero descreve os vários passos desta repressão, que passa pela promoção de meios afectos à política oficial (havuz medyasi), ataque directo ou intimidação dos restantes, e desemboca na situação presente: 

“Ankara fechou nos últimos quatro meses um total de 195 meios de comunicação e prendeu quase 150 jornalistas nacionais, a quem o Governo acusou de terrorismo e difusão de propaganda terrorista. Os centros desportivos transformaram-se em pavilhões de terror onde se amordaça a Imprensa livre. Segundo a Plataforma para o Jornalismo Independente, 3.000 profissionais do sector da comunicação foram despedidos deste a intentona golpista. Exceptuando alguns meios na Internet  - como Diken, Gazete Duvar e T24 -  depois da rusga sobre o diário ‘kemalista’ Cumhuriyet, podemos afirmar que praticamente já não existe qualquer voz de oposição entre os media na Turquia.” 

E, citando o Comité para a Protecção dos Jornalistas, Beatriz Yubero descreve a Turquia de hoje como “o maior cárcere de jornalistas do mundo”.

 

O artigo na íntegra, em Cuadernos de Periodistas, e o site do think tank a que pertence a autora, Baab al Shams