O Google recolheu, em 2016, 90.300 milhões de dólares, essencialmente provenientes da publicidade digital. Segundo os peritos, este ano poderá ultrapassar os cem mil milhões, duplicando assim a sua receita em cinco anos. O Google tem um valor em bolsa de 581.000 milhões de dólares, e Facebook e Amazon aproximam-se já dos 400.000 milhões de capitalização.

Como recorda Miguel Ormaetxea: 

“Perante isto, e para ajudar as editoras, o Google dotou com 150 milhões de euros a sua Digital News Initiative. No dia 6 de Julho concordou em dar 21 milhões de euros a 107 projectos europeus. É de notar que a grande maioria deste dinheiro foi para editoras médias ou grandes, quando são as pequenas editoras digitais as que mais estão a sofrer, até ao ponto de poderem extinguir-se em massa, como os dinossauros. É curioso assinalar também que o Google financiou o projecto RADAR, um site de ‘jornalista-robot’ capaz de escrever 30 mil notícias por mês. É esta a ideia que tem o Google sobre o novo eco-sistema da Informação digital? 21 milhões de 90 mil de receita? Estão a gozar connosco?” (...) 

Cabe dizer, neste ponto, que o artigo que citamos faz uma espécie de “revisão da matéria dada” sobre factos muito recentes, dos quais temos deixado oportuna referência no site do CPI.

O mais recente de todos é a diligência conjunta dos grandes jornais de referência dos Estados Unidos, para imporem, por via legal, a capacidade de negociarem colectivamente, a nível da sua associação representativa, a News Media Alliance, contra a pressão do “duopólio digital” Google – Facebook. 

O Google disse em comunicado que pretende “ajudar as editoras a triunfarem na sua transição digital” mas Miguel Ormaetxea comenta:

“Não parece que esteja a consegui-lo. Para dar só um exemplo, o grupo de media que é hegemónico em Espanha, a PRISA, viu reduzirem-se as suas receitas 66% em menos de dez anos, e o EBITDA 74%, e ainda suporta uma dívida de 1.600 milhões de euros. A acção perdeu mais de 90% do seu valor. Não parece que o Google tenha ajudado muito a PRISA.” (...)

O autor fala ainda das várias alianças de jornais em curso, em diferentes países, para combaterem juntos o referido “duopólio”, e termina com uma referência à batalha pela posse dos dados sociodemográficos e de tendências de compra:

“A chave são os dados: aquelas editoras que têm apenas um endereço de e-mail dos seus assinantes têm muito pouco que possam fazer. E os reis dos dados são, de novo, Google, Facebook e Amazon. Está na hora de ir mais longe do que aplicar simples multas.”

 

 

 

O artigo citado, na íntegra, em Media-tics