A sobrevivência do jornalismo local em tempo de Internet

Como afirma o autor, grande parte do debate sobre a chamada indústria do jornalismo, em conferências, no Twitter e na Imprensa, é focada sobre as redacções dos meios de alcance nacional.
“E muitos dos nossos media locais são agora dirigidos por cadeias nacionais. Assim, por arrasto, as estratégias a nível nacional são entendidas como a única via para fazer esse negócio.”
“Mas o jornalismo nacional e o local não são o mesmo negócio. The New York Times pode procurar dimensão para obter lucro, The Centre Daily Times não pode. Porque o NYT tem uma audiência, mas em College Park o que há é uma comunidade.”
“Isto é uma distinção importante. Se temos relação com uma audiência de massas, podemos crescer de modo quase infinito. A Internet está feita para trabalhar a nosso favor.”
“Se temos uma redacção local, a Internet não deixa de ser importante, mas poucas das suas características são em nosso benefício. Distribuição global? Porta de entrada pela Google, Facebook Apple? Um sistema de publicidade controlado por algoritmos e detido por um duopólio de grandes empresas tecnológicas? Isso é um campo de minas para o negócio do jornalismo local.” (...)
Damon Kiesow afirma que, “para ter sucesso, os jornais locais têm de deixar a grande dimensão [scale, no original] e voltar o foco para a comunidade”:
“A publicidade continua a fazer parte da equação, mas a receita vinda dos leitores, donativos e contribuição de fundações - vendas de bazar, se for caso disso - entram na mistura.” (...)
O autor cita depois um psicólogo evolucionista, Robin Dunbar, que fala sobre um limite que os humanos têm quanto ao número de psssoas com quem conseguem estabelecer uma relação próxima estável.
Esse número seria de 150, baseado na capacidade cognitiva do cérebro humano. Primatas com cérebros menores têm grupos sociais ainda mais reduzidos.
Voltando ao jornalismo, e citando Damon Kiesow, “podemos esforçar-nos por aumentar esse número, mas isso pede mais do que uma campanha de marketing”:
“Implica escutar activamente e envolver-se sinceramente com a comunidade. (...) Implica compreender e servir melhor os leitores. E implica deixarmo-nos dos artefactos da dimensão, que enchem de lixo os nossos sites, estruturas de organização e modelo de negócio.” (...)
“Mas as técnicas individuais não são tão importantes como a filosofia: os leitores locais devem ser atendidos ao nível local. A Internet é infinita, a vossa comunidade não é.”
“Aceite a pequena dimensão ou acaba a ser mandado para casa.”
[Não há tradução literal com a riqueza desta última frase: Go small or we are all going home.]
O texto aqui citado, na íntegra no NiemanLab