Esta reflexão é de dois investigadores norte-americanos, ambos docentes universitários, sobre o estado actual do combate à desinformação em meio digital. O ponto a que chegam é que as coisas pioraram e, mesmo as soluções propostas pela Google, Facebook e outros gigantes da tecnologia de comunicações, são inadequadas para enfrentar o problema. 

“Reduzir a aceitação das notícias falsas significa, deste modo, torná-las menos familiares. Os editores, produtores, distribuidores e agregadores de conteúdos precisam de deixar de repetir estas histórias, principalmente nos títulos.” (...) 

“A edição online do Washington Post publica regularmente títulos com fact-checker, que consistem em afirmações que necessitam de ser avaliadas, com um ‘Teste Pinóquio’ no fim da história anexa. O problema é que os leitores estão mais inclinados a notar e a recordar a afirmação do que a conclusão.” 

“Outra coisa que sabemos é que as afirmações chocantes fixam-se na memória. Uma quantidade de investigação revelou que as pessoas estão mais inclinadas a escutar e a recordar mais tarde um título sensacionalista ou negativo, mesmo que uma ferramenta de fact checker o assinale como suspeito. As histórias de fake news quase sempre exibem afirmações alarmistas, com a intenção de captar a atenção dos que ‘navegam’ na Rede. Os fact checkers não podem competir  -  principalmente se as suas conclusões aparecem em letras pequenas.” (...) 

“As plataformas da Internet têm talvez o papel mais importante na luta contra as fake news. Precisam de mudar as notícias suspeitas mais para baixo nas listas de temas que são propostos pelos motores de busca ou pelas redes sociais. A chave para a avaliação da credibilidade, e a localização da história, deve focar-se não em temas individuais mas sim na corrente acumulada de conteúdo de um determinado site. A avaliação de histórias individuais é demasiado lenta para deter, com segurança, a sua proliferação.” (...) 

“Finalmente, o público deve responsabilizar Facebook, Google e as outras plataformas pelas suas escolhas. É quase impossível monitorar a autenticidade ou eficácia dos seus esforços contra as fake news porque as plataformas controlam os dados necessários a tais avaliações. É necessário que investigadores independentes tenham acesso a estes dados de uma forma que proteja a privacidade dos utentes, mas que nos ajude todos a compreender o que é que funciona ou não nesta luta contra a desinformação.” (...) 

 

O artigo original de Matthew Baum e David Lazer, publicado em Los Angeles Times