A “realidade paralela” sobre a guerra pelos “media” estatais russos
A guerra russo-ucraniana parece não ter fim à vista, pelo que os “media” continuam a acompanhar o conflito, informando o público sobre os últimos desenvolvimentos, sobre as negociações internacionais, e sobre acções humanitárias.Esta é, pelo menos, a realidade mediática em Portugal, e noutros países onde o direito à liberdade de imprensa está assegurado.
Na imprensa portuguesa, tanto os jornais em formato de papel, como os programas de televisão de cariz informativo, as estações de rádio, e as publicações digitais, continuam a fazer actualizações regulares.
Nas últimas horas, o destaque informativo tem sido dado às consequências dos primeiros dez dias de guerra e à evacuação de diversas cidades ucranianas, por via de um corredor humanitário, negociado entre as partes em conflito.Entretanto, uma equipa de jornalistas da Sky News foi emboscada por uma unidade russa perto de Kiev. A equipa foi milagrosamente salva pela polícia ucraniana, embora um dos correspondentes britânicos tenha ficado ferido, e a viatura em que seguiam destruída.Os jornalistas da Sky News foram resgatados com êxito, e saudados pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, pela sua coragem.
Aliás, na Rússia, parece viver-se uma realidade alternativa, uma vez que o Kremlin condiciona e censura as informações disseminadas. De facto, uma análise recente do jornal digital “Observador” ao canal RT comprova isso mesmo.
Conforme apontou o jornalista Alexandre Borges, tal como tem acontecido um pouco por todo o mundo, a programação do RT é, agora, um “loop” de notícias sobre a guerra. No entanto, a informação disseminada parece ter sido recolhida numa realidade paralela.
Isto porque, de acordo com o RT, o conflito está a decorrer, apenas, entre o exército ucraniano e as regiões separatistas, como a autoproclamada República de Lugansk.
Março 22
Além disso, Putin nunca aparece ou é mencionado.
Ainda assim, afirmou Borges, “nada é feito no tom panfletário que, porventura, seria de esperar”.
“Não é feita por russos nem falada em russo; é falada em inglês, em muito bom inglês, por gente de múltiplas nacionalidades. Bem iluminada, bem ‘cenografada’, bem ‘graficada’. Com pivôs, enviados especiais, correspondentes e comentadores, como qualquer canal de informação que se queira ‘sério’”, explica o mesmo jornalista.
Por outro lado, explicam diversas fontes internacionais, quaisquer jornalistas independentes, que queiram reportar sobre a realidade russa, estão a enfrentar perseguições e ameaças.
A BBC, por exemplo, anunciou a suspensão temporária da actividade dos seus correspondentes na Rússia, uma vez que o Kremlin aprovou uma nova lei, que prevê a detenção de jornalistas que disseminem “fake news”.
Ou seja, neste momento, qualquer profissional, que utilize o termo “guerra”, pode ser detido, uma vez que o Kremlin apenas aprova a expressão “operação militar especial”.
De acordo com o director-geral da BBC, Tim Davie, o novo documento “parece criminalizar o processo do jornalismo independente”.
Já Jonathan Munro, director-interino da BBC News, explicou: “Não vamos retirar os nossos jornalistas de Moscovo. Mas, por enquanto,
não poderemos utilizar as suas reportagens.
Da mesma forma, a CNN Internacional e a ABC News anunciaram a suspensão das emissões a partir da Rússia.
“Iremos continuar a avaliar a situação, para determinar o nível de ameaça à segurança dos nossos colaboradores”, explicou a ABC News em comunicado.
Contudo, acreditam os correspondentes, o mais provável é que a censura na Rússia continue a acentuar-se.
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