A produção de conteúdos como desafio ao futuro dos media
É fácil concordar com o autor no diagnóstico de que o paradigma de negócio que fundou e sustentou os media ao longo do séc. XX “já deu mostras de que precisa ser reinventado”, mas ainda “não sabemos que modelo garantirá a existência dos publishers no século XXI”.
Também parece evidente que esta “é uma questão fundamental para a sociedade, que corre o risco de perder boa parte da multiplicidade de vozes, de visões e de olhares, e de análises críticas e narrativas independentes que, afinal, sustentam a livre circulação de ideias, a produção de informação confiável e a profusão de inteligência em uma democracia”.
De igual modo, é verdade que o bom jornalismo “dá muito trabalho” e precisa de ser remunerado, porque os profissionais que o fazem “não conseguem de graça, na outra ponta de suas vidas, as coisas essenciais de que precisam para sobreviver. Quem tem contas a pagar precisa poder cobrar pelo que faz. Quem traz ao mercado uma oferta de valor precisa poder receber algum valor por essa oferta”.
Adriano Silva trata, depois, das questões difíceis, como a adesão dos leitores, o acesso pago depois de nos termos habituado a “consumir de graça nas últimas duas décadas”, e o papel assumido pelas grandes distribuidoras:
“E Google e Facebook entraram nesse jogo de forças e de concentração de dinheiro e poder com uma novidade duplamente letal para os publishers: ambos atraem a verba de marketing dos anunciantes utilizando a custo zero os conteúdos produzidos pelos mesmos veículos que os anunciantes deixaram de apoiar exactamente para poderem investir mais nos dois gigantes.”
O seu último parágrafo, como dissémos, é pessimista:
“Não que os publishers independentes estejam todos fazendo as melhores escolhas. Mas se as portas não estiverem de verdade abertas, e se a torcida não se transformar em acção concreta, tanto entre os usuários quanto entre as marcas, não teremos alternativa – vamos todos morrer.”
O artigo na íntegra, no Observatório da Imprensa