A paixão da reportagem está na descoberta da verdade

Essa paixão, como Carlos Wagner a entende, pode ser definida como a “insistência de descobrir a verdade”:
“A história reservou ao repórter a tarefa de descobrir e explicar os factos relevantes ao quotidiano das pessoas. Isso significa que nós não somos intermediários entre a fonte e o leitor. Nós produzimos conhecimento novo com o nosso trabalho.” (...)
“O repórter não nasce com a paixão por esclarecer o desconhecido. Ele a cultiva como se fosse uma planta rara, até ela crescer e começar a dar frutos.”
“O cartaz ‘Toda a garrafa vazia está cheia de histórias’ me fez lembrar porque resolvi ser repórter. Foi ali, na mesa do boteco, escutando as conversas de grandes repórteres sobre as matérias em que vi a paixão pela busca da verdade na cara deles.”
“Lembro, enquanto as garrafas ficavam vazias sobre a mesa, o som da conversa subia. No final da noite, todos falavam ao mesmo tempo, parecia uma briga. Foi durante uma gritaria dessas que ouvi uma frase, não lembro quem disse, mas nunca a esqueci: ‘publicamos o mais próximo da verdade que conseguimos chegar’.”
O autor acrescenta que 2019 não vai ser um ano fácil para os jornalistas brasileiros, com despedimentos e fecho de jornais:
“Seja lá qual for o rumo que o governo do Bolsonaro tomar, o certo é que vamos ter sérios problemas de acesso a informações. Ele seguirá o modelo de Trump, de usar as redes sociais para falar.”
Mas acrescenta que, “se os grandes noticiários não divulgarem as postagens feitas pelo Presidente da República nas redes sociais, elas não repercutem”.
E como “nem Trump nem Bolsonaro vão postar nas redes sociais factos desfavoráveis às suas administrações”, essa parte continuará a ser função do jornalismo:
“Portanto, o governo Bolsonaro é uma garrafa cheia na mesa de jornalistas em um boteco. Logo ela vai estar vazia e restará uma história para contar. É simples assim.”