A linha vermelha de fronteira entre jornalismo e sensacionalismo
O conteúdo dos telejornais começa a aproximar-se, perigosamente, dos temas habitualmente tratados em programas de entretenimento, não só em Portugal, mas, igualmente, no Brasil.
Em data recente, um telejornal brasileiro, exibido ao final da tarde, transmitiu, ao vivo, o momento em que uma mãe recebeu a notícia do assassinato da filha de 21 anos, que estava grávida. A jovem havia sido sequestrada e, segundo a mãe, o principal suspeito era o namorado. O programa Cidade Alerta, da TV Record, cobria o desenrolar dos acontecimentos há mais de um mês.
Num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria, a jornalista Estela Capra defendeu que a linha que separa o jornalismo do sensacionalismo não é ténue, ao contrário do que se costuma alegar.
Segundo Capra, o conceito de jornalismo é pautado por ética e respeito, imparcialidade e objectividade. A profissão baseia-se na verdade, na consulta de diferentes fontes e no incentivo do da cidadania.
A jornalista considera, então, que o telejornal deveria, de facto, ter noticiado a morte da jovem, mas que a humilhação a que expôs a família foi um “desserviço”.
Fevereiro 20
Capra reiterou, contudo, que o sensacionalismo vende e que por isso é fácil cair na tentação de transformar noticiários em espetáculos. Da mesma forma, a competição entre os "media" alarga os limites do moralmente e eticamente aceitável. Quem se esmera no “show”, consegue audiências maiores. Por exemplo, a reacção da mãe fez do Cidade Alerta o programa mais visto daquele dia. Além disso, o espetáculo ganhou, ainda, mais repercussão na “web”.
A jornalista considera, então, que é urgente a criação de um órgão regulador dos “media” brasileiros, à semelhança do que acontece em Portugal, ou no Reino Unido. A medida não teria o intuito de restringir a liberdade de expressão, mas de promover democratização da informação.
Enquanto isso não acontecer, caberá aos cidadãos, e profissionais de imprensa, discutir situação, na tentativa de evitar “novos casos grotescos”. A autora frisa, ainda, que, embora o jornalismo não esteja de luto, deve assumir uma posição de luta e estar aberto à mudança.
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