O exemplo que vem a abrir a notícia do Le Monde, que aqui citamos, é o de duas pessoas, uma de direita, a outra de esquerda, que vão ao Google e chamam informação sobre a BP:

“A primeira recebe, ao cimo da página, informações sobre as possibilidades de investir na British Petroleum, e a segunda sobre a última maré negra causada pela companhia petrolífera britânica. As duas pesquisas deram respostas diametralmente opostas, porque foram ‘filtradas’ pelo Google de acordo com os perfis dos internautas.” 

O exemplo vem no livro, e o autor explica porque funciona assim. “O motor de busca  - recalibrado 600 vezes por ano no maior segredo -  passa a pente fino os nossos comportamentos online e adapta-se ao perfil dos utilizadores. (...)  Esta selecção permanente, em todos os domínios  - política, leitura, viagens, cultura -  faz com que o Google mantenha os internautas dentro de uma ‘bolha cognitiva’.” 

O texto do Le Monde lembra que "Cass R. Sunstein, professor de Direito em Harvard, e actualmente consultor jurídico na Casa Branca, foi um dos primeiros teóricos a lançar o alerta sobre o risco da secura intelectual da Internet por estes efeitos de bolha". 

Numa entrevista publicada no site da Amazon, Eli Pariser reconhece que "nós sempre seleccionámos as fontes de informação que concordam com os nossos próprios pontos de vista. Mas uma das coisas sinistras com a bolha de filtro é que não somos nós a fazer a selecção. (…)  Os filtros personalizados são outra história: nós não sabemos quem eles pensam que nós somos, ou em que base nos mostram aquilo que estão a mostrar. Em resultado disso, não temos realmente qualquer indicação do que está a ser editado  - ou, de facto, que as coisas estejam mesmo a ser editadas." 

E o autor conclui: (…) “Enquanto a Internet funciona muito bem ajudando grupos de pessoas com interesses semelhantes a encontrarem-se (como na MoveOn) não faz  tão bem a apresentação de pessoas a outras pessoas e ideias diferentes. A democracia precisa de debate, e a personalização está a torná-lo cada vez mais ilusório”.

 

 

Mais informação no Le Monde  e na entrevista com Eli Pariser; imagem do autor By Kris Krug - http://www.flickr.com/photos/poptech/5107602045