A Internet pode partir-se em duas, uma chinesa e outra americana
“Podem ter começado como cópias grosseiras das suas homólogas norte-americanas, mas o sector digital chinês actual já não tem nada a ver com o que era quando se levantou o “Escudo Dourado” - o Grande Corta-Fogos - por volta de 1996: o plano do governo chinês para proteger o país dos conteúdos sensíveis do ponto de vista político.”
Por paradoxos da vida, como escreve Ossorio Vega, “a censura chinesa converteu o país num líder tecnológico global em que entraram, em partes iguais, tanto a dificuldade das empresas ocidentais para funcionarem no país como o sobre-esforço para compensar esta ausência com produtos locais que, agora, querem comer o mundo”. Em muitos casos, segundo diz, a China já vai à frente - cita o exemplo da aplicação WeChat, pela qual é possível na China marcar uma consulta médica.
Esta independência da China no mundo digital está a levar muitos peritos a reconhecerem como a sua Internet se distancia da que conhecemos como tal, até ao ponto em que Eric Schmidt - que foi CEO da Google - deu o passo de tornar pública esta ideia, “por enquanto baseada numa apreciação pessoal”.
“Creio que o cenário mais provável, agora, não é uma divisão, mas uma bifurcação entre uma Internet dirigida por chineses e uma Internet não chinesa liderada pelos Estados Unidos” - disse há poucos dias num evento privado, em San Francisco.
Nesse encontro, terá também falado das consequências possíveis: da “escala das empresas que estão a ser construídas” no gigante asiático e da riqueza “fenomenal” que está a ser criada graças à tecnologia.
“A globalização significa que eles também podem entrar no jogo” - reconhece Schmidt, e que vamos assistir “a uma liderança fantástica por produtos e serviços da China”.
Estas previsões chegam numa altura em que o sucessor de Schmidt à frente da Google, Sundar Pichai, tem sido questionado sobre a disponibilidade da empresa para ajustar o seu motor de busca às regras impostas pelo governo chinês.
Mais informação em Media-tics e na notícia sobre as declarações de Eric Schmidt, na CNBC