A “infocracia” como sistema para um novo mundo mediático
Numa altura em que a informação se tornou a principal arma para disputar conflitos militares, questões económicas, e campanhas eleitorais, os cidadãos de todo o mundo passaram a ser submetidos a um novo sistema regulador das relações sociais, onde a informação é a “moeda de troca”, considerou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”.
Conforme apontou o autor, esse sistema denomina-se “infocracia” e traduz um novo mundo, em que a informação rege o paradigma da sociedade, na qual temos acesso a uma grande quantidade de dados, em todos os momentos.
Para Castilho isto não significa que a democracia tenha sido substituída, mas sim que a incorporação da informação é, agora, um atributo nas formas de participação dos cidadãos.
Por isso mesmo, os jornalistas devem, mais do que nunca, fazer a curadoria de uma grande diversidade de informações, assegurando o direito à liberdade de pensamento e de decisão dos eleitores.
Conforme apontou o autor, neste novo panorama, o princípio básico da representatividade popular como base da democracia continua de pé, embora dependa, sobretudo, da igualdade de acesso à informação
A infocracia é, portanto, uma fase anterior ao exercício da vontade individual. Trata-se, assim, de uma etapa em que os cidadãos absorvem os dados partilhados pelo jornalismo, e os transformam em opiniões e ideologias.
Conscientes desta nova realidade, continuou Castilho, os actores políticos começaram a apostar na manipulação constante da informação, de forma a que as decisões dos cidadãos os beneficiem, mantendo-os no poder.
Aliás, recordou o articulista, a conquista de simpatias, através de mensagens informativas, é essencial para o êxito de manobras diplomáticas e financeiras.
Junho 22
Por isso mesmo, sublinhou o autor, o jornalismo é, mais do que nunca, uma ferramenta essencial para a vida dos cidadãos, já que oferece informações isentas, ajudando os eleitores a formarem as suas próprias opiniões, sem a influência de terceiros.
Perante este cenário, Castilho recorda que os jornalistas têm, agora, uma “responsabilidade transcendental e altamente complexa”.
Até porque, se os profissionais dos ‘media’ não desempenharem o seu papel eficazmente, os cidadãos irão deixar de ter liberdade de pensamento, regendo-se pela informação manipulada que lhes chegará através da internet.
Por isso mesmo, Castilho insta os jornalistas a comprometerem-se, mais uma vez, com a pluralidade, com a diversificação de fontes, e com a isenção noticiosa.
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