A influência do Twitter como ferramenta no trabalho jornalístico
Dito isto, Manuel Moreno realizou um inquérito junto de jornalistas dos principais “media” espanhóis, para tentar perceber de que forma esta rede social influencia reportagens, opiniões e agendas informativas.
Diego Losada, jornalista da TVE e apresentador do programa España Directo, reconhece que receber os comentários dos telespectadores em tempo real, permite encarar a televisão, em directo, son uma nova perspectiva. "O feedback dos espectadores do España Directo é positivo e, acima de tudo, útil para a emissão”.
"Existe, contudo, outro tipo de comentários, que se refere ao nosso lado mais pessoal, enquanto comunicadores -- continuou Losada -- Não costumo responder a essas mensagens, sejam elas positivas ou negativas”.
O jornalista Juan Pedro Valentín segue a mesma linha de pensamento, considerando que "a opinião é legítima, a crítica é saudável, mas o insulto é intolerável".
Carlos E. Cué, por sua vez, reitera que o nível de exigência dos utilizadores das redes sociais é muito forte, o que resulta em informação de maior qualidade.
Assim, a exposição permanente dos jornalistas ao Twitter ajuda-os a tornarem-se mais rigorosos no seu trabalho, e sustenta um dos pilares fundamentais da profissão: a verificação da informação e a comparação de fontes. "A crítica, desde que construtiva, tem um efeito positivo e leva-nos a produzir melhor conteúdo", acrescenta Cué.
No entanto, nem sempre os comentários dos utilizadores desta rede social são redigidos numa linha de respeito . “A maioria das mensagens que recebo são apreciações dos meus comentários, quase sempre num tom amigável e construtivo -- , disse José Luis Pérez, director de notícias da COPE e da 13 TV -- mas, a possibilidade de anonimato encoraja as pessoas a dizer coisas que seriam impensáveis no contacto pessoal”.
Em alguns casos, perante as constantes críticas, o jornalista é induzido a modificar o seu discurso e adaptar as suas mensagens ao que acredita que os seus seguidores exigem nesta plataforma.
Juan Soto Ivars, jornalista do “El Confidencial”, considera que esta realidade é ainda mais evidente em artigos de opinião. Contudo, o mundo do desporto, e especialmente o futebol, também gera tensão.
Os comentários negativos são dirigidos tanto a homens como mulheres, mas a desigualdade entre géneros é, igualmente, uma realidade neste contexto.
De acordo com o estudo de Moreno, as jornalistas estão sujeitas a comentários e ameaças mais negativas no Twitter. “Há muito chauvinismo masculino nas redes sociais” -- confirma Almudena Negro , acrescentando que “muitos dos comentários que recebo fazem alusão ao meu sexo ou à minha aparência, algo que não acontece no caso dos homens".
Confrontado com estas situações, o Twitter desenvolveu um Política de Comportamento Abusivo que proíbe comportamentos de assédio.
A empresa fornece aos utilizadores, em geral, e aos jornalistas, em particular, ferramentas que lhes permitem controlar os conteúdos que vêem e as pessoas com quem interagem na rede social, com o objectivo de tornar as relações mais saudáveis.
Além disso, a rede social desenvolveu uma tecnologia que permite identificar, proactivamente, mais de metade das mensagens que violam as directrizes de comportamento.
Assim, espera-se que esta plataforma contribua, sobremaneira, para a melhoria da qualidade do trabalho jornalístico.
Leia o artigo original em “Cuadernos de Periodistas”