A indústria dos media e jornalismo segundo o World Media Congress reunido em Saragoça
Muitas vezes, a informação chega de jornais que o leitor nunca assinaria, mas está interessado em ler essa informação premium e até mesmo disposto a pagar por ela, mas não uma assinatura de cada jornal.
Trata-se de arbitrar um sistema conjunto que permita o consumo de leitura de artigos nos media que não é lido intensivamente, mas ocasionalmente.
Outra conclusão, foi a necessidade de colocar o assinante, no centro de todas as estratégias ao oferecer um produto exclusivo e valioso, mas também de acesso fácil.
É, também, essencial, recuperar a confiança do leitor, com transparência, ouvindo todas as partes e investindo em recursos que garantam a verificação dos factos, corrigindo sem ambiguidades os erros.
Devem ser criados alguns indicadores-chave que permitam medir e reflectir sobre os progressos ou retrocessos e desenvolver uma estratégia para restaurar a confiança.
Foi, igualmente, assinalado que uma das causas do cansaço e desinteresse das notícias, conforme revelam estudos já realizados, é a falta de utilidade de grande parte das informações geradas.
“O distanciamento dos leitores está relacionado com o excesso de notícias e como cansaço que os entrevistados dizem sentir, além da desconfiança nas notícias e da sua pouca utilidade”, apontou o Digital News Report 2022”.
Em diferentes sessões, sobre diversos temas, foi feita referência a projectos específicos para a implementação do jornalismo de soluções, uma tendência relevante nos meios de comunicação ou como jornalismo construtivo, ou variantes que também surgiram no congresso, como o jornalismo cívico, o jornalismo reflexivo ou o jornalismo modular. Tudo isto responde a perguntas designadamente: Como isso nos afecta? Como foi resolvido noutros lugares? O que vai acontecer a seguir?
Urge uma mudança de orientação sobre novos públicos, é necessário fazer informação não para jovens, mas com jovens.
No Congresso ficou demonstrado que muitos meios de comunicação já estão a mudar essa visão e que os jovens já fazem parte, desde o primeiro momento, de tudo o que se publica.
Qualquer informação deve carregar implicitamente o factor das novas gerações no seu ADN. Por exemplo, apostar em jovens especialistas, da mesma forma que, em geral, as vozes de mulheres especialistas também foram incorporadas onde antes só os homens eram consultados.
As marcas devem ser muito mais sensíveis e, como salientou o presidente executivo da Prisa Media, Carlos Núñez, apostar nos meios de comunicação que ajudem a fortalecer a democracia.
É preciso, mais do que nunca, um grande projecto nacional de alfabetização mediática desde cedo, que dê a todos as armas e os conceitos necessários para distingir o bom jornalismo da desinformação ou da intoxicação.
São os próprios cidadãos que exigem qualidade, pluralidade, veracidade e transparência, o que obrigará a todos, inclusive aos media, para se afastarem definitivamente dos modelos banais.