Jornalistas de todo o mundo estão a adoptar novas técnicas e tecnologias para desenvolverem investigação. As publicações vão cada vez mais longe no escrutínio dos factos e tentam apurar as causas de eventos que chocaram o mundo, como a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi.


O investimento não se faz, contudo, apenas nas redacções dos jornais, já  que algumas das mais importantes empresas “online” se estão a aliar à causa. 


Depois emergirem várias histórias que apontavam as notícas falsas como uma dos motivos para a eleição de Trump, o Facebook juntou-se à International Fact Checking Network, uma organização sem fins lucrativos, com objectivo de analisar a veracidade de histórias partilhadas na rede social.


O projecto pode ser apelativo para uma companhia com as características do Facebook, mas este tipo de acção não é sensível a aspectos do jornalismo que vão para além do “certo” e “errado”, como a empatia e o contexto. A empresa, por exemplo, comprometeu-se a não a analisar o conteúdo partilhado por políticos, mesmo quando estes possam ter violado as regras da empresa.


Para o professor Lucas Graves, da Universidade do Wisconsin, há quase tantos tipos de “fact-checking” como de desinformação, o que constitui um motivo para cepticismo, havendo diferenças entre os que as empresas dizem ser a sua missão e aquilo que realmente fazem. “Os governos e as plataformas tecnológicas apoiam os sector” o que, segundo o professor, “faz levantar muitas questões sobre a missão e os métodos utilizados”.

Segundo Tom Phillips, editor de uma publicação de “fact-checking”, o mundo assistiu, até hoje, a três correntes desta modalidade. A primeira,  baseava-se na revisão de alegações. A segunda, na procura de dados concretos que sustentassem a revisão. E a terceira, que funciona “online”, baseia-se na procura activa de correcções, o que requer a mobilização de muita mão-de-obra. Avizinha-se uma quarta corrente, que consiste na verificação automática.


A verificação automática depende, contudo, da disponibilidade de fontes verificáveis, o que, naturalmente, apenas os humanos sabem filtrar e interpretar.

Um processo automático requeriria a omnipresença de dados e  verificadores, que estariam equipados com ferramentas para interrogar, classificar e retransmitir em resposta ao ciclo de notícias de última hora.

As plataformas de “fact-checking” enfrentam agora um novo desafio, com a informação falsa a ser disseminada, não só em plataformas públicas, mas igualmente  em grupos privados. O processo de verificação desta informação é muito mais complicada, pois é necessário que haja fontes de desinformação direccionadas, efémeras e fechadas, difíceis de encontrar.


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