A independência dos media quando confrontada com apoios estatais

O autor começa por distinguir entre dois tipos de rentabilidade da empresa jornalística, a económica e a de influência (ou ideológica), dando exemplos do poder desta última e concluindo que, “tendo em conta esta característica, pode deduzir-se que qualquer Governo ou instituição que ajude um meio de comunicação pode, em troca, exigir alguma lealdade ideológica”.
São depois apresentadas as duas “escolas de pensamento” mais conhecidas, a “proteccionista” (dando como exemplo a Imprensa dos antigos países do bloco comunista, ou de países em vias de desenvolvimento), e a “liberal” (“o modelo mais difundido nos EUA e muito presente na actualidade pela escola económica neo-liberal”).
Alfonso de la Quintana descreve também os vários tipos de ajudas estatais existentes no conjunto de Espanha, citando a respectiva legislação, e as especificamente autonómicas, como a lei basca de Abril de 1997, a lei catalã de Outubro de 1995 e a lei galega de Setembro de 1996.
Apresenta depois quatro casos de países europeus em que o Estado tomou medidas de apoio à Imprensa:
1 - o da Suécia, com um dos mais elevados “índices de mortalidade de jornais” (eram 250 em 1950, passaram a ser 146, e as cidades onde há um jornal diário eram 51, são agora 20).
2 - o da Alemanha, (eram 755 em 1950, desceram para 364, e só entre 1974 e 1976 as receitas de publicidade caíram 50%).
3 - o da Grã-Bretanha, onde, segundo o autor, “as ajudas do Estado não são tão numerosas como noutros países porque as empresas jornalísticas britânicas se negam a aceitá-las” e a crise é agravada, entre outros factores, pelo “papel intransigente dos sindicatos, que não permitiram uma redução de pessoal na sobredimensionada mão-de-obra dos jornais”.
4 - e o de França, onde o Governo anunciou a intenção de suprimir um apoio indirecto, de natureza fiscal, que benficiava os salários dos profissionais, levantando contra si a oposição do colectivo dos cerca de 25 mil jornalistas franceses.
No final de uma leitura comparada destes exemplos, Alfonso de la Quintana conclui:
“É preciso ajudar com transparência e de maneira pontual as empresas jornalísticas, para fomentar a liberdade, em momentos altamente críticos. As ajudas devem ser independentes, sem poder exigir-se em troca uma prestação ideológica ou económica.”
O texto original, em Cuadernos de Periodistas