O autor do artigo que citamos refere que, mesmo grandes jornais de referência nos EUA, como The New York Times e The Washington Post, encontram-se no patamar que têm porque são redigidos em inglês e se tornaram publicações globais. Só o primeiro tem três milhões de assinantes, com uma receita líquida de cerca de 25 milhões de dólares. 

Cita a seguir a reflexão que Jeremy Littau, docente de jornalismo, sintetiza na sua página de Twitter, sobre a “descida aos infernos” dos media nos EUA, desde os “anos dourados” da segunda metade do séc. XX até ao panorama actual. Na opinião deste autor, essa “idade de ouro” terminou nos finais dos anos 80, mas os editores não estiveram à altura da nova concorrência, acumulando uma dívida maciça. 

Mais grave de tudo, perderam o controlo da distribuição para as grandes plataformas. Com o desenvolvimento da publicação digital, “os editores que não estavam habituados à concorrência e não tinham  investido na inovação estavam agora a concorrer com mais do que o seu rival do outro lado da cidade (se ainda havia algum, porque as concentrações e fusões de meios também tinham acabado com eles)”. 

“Os números de circulação continuaram a cair e esta tendência acelerou no princípio da última década. Com menos leitores e um enorme serviço de dívida, tornou-se uma espiral viciosa que exigia mais cortes para atingir as exigências da dívida e satisfazer os accionistas habituados a grandes lucros.” (...) 

O mapa de receitas da Imprensa americana, de 1950 até hoje, que vem junto destes posts de Jeremy Littau, é aquilo que ele mesmo chama o gráfico Oh My God das suas aulas de introdução ao curso. 

Um outro relatório que é citado no artigo de Miguel Ormaetxea (divulgado há poucos dias no NiemanLab), aponta que o preço dos jornais diários, nos EUA, subiu para mais do dobro numa década, com The New York Times a pedir mais de mil dólares pela assinatura anual impressa, e The Boston Globe e The Washington Post entre os 750 e os 650 dólares. O custo por exemplar, nos quiosques, varia entre os dois e os três dólares. 

“O crescimento do modelo de assinatura tem sido um dos maiores avanços nestes últimos anos, mas alguns especialistas prevêem que este sistema tem condicionantes e limites claros. As pessoas podem assinar um jornal nacional e outro local, mais a Netflix, a Hulu, a HBO Go, The Athletic e ainda o seu podcast favorito?” (...) 

A concluir, o autor adverte que, em Espanha, os meios digitais já estão a chegar ao tecto possível das suas audiências:

“Nos dois últimos anos, não passámos dos 33 milhões de utentes únicos. Em Novembro, El País tinha 15,12 milhões e El Mundo 15,05.” (...)

 

O artigo aqui citado, na íntegra em Media-tics;  e os posts de Jeremy Littau