A importância de distinguir as notícias de “interesse público” e “do público”
Com a era digital e com a melhoria da rede móvel, as redes sociais passaram a exercer um “efeito de imprensa”, através do qual determinados acontecimentos são tomados como importantes por vários indivíduos, afirmou o jornalista Roger Ferreira num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Desta forma, apontou o autor, os jornalistas deixaram de ser os únicos profissionais com a capacidade de formar opinião pública, passando a partilhar esta função com qualquer marca com presença nas redes sociais.
Além disso, influenciados pelo ritmo acelerado da internet, os jornalistas passaram a noticiar até os acontecimentos mais corriqueiros, como forma de captar a atenção dos cidadãos, e de convencê-los a subscreverem os seus serviços.
Com isto, os internautas passaram a ter uma maior propensão em adoptarem comportamentos de risco, já que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, as informações sensacionalistas chegam a milhares de pessoas a cada segundo.
Por isso mesmo, defende Ferreira, os jornalistas devem compreender que a comunicação acarreta riscos e que, por isso mesmo, as suas funções terão de ser desempenhadas com um maior sentido de responsabilidade.
Da mesma forma, os profissionais deverão questionar-se, constantemente, sobre o que é, ou não, digno de ser noticiado.
Segundo recordou o autor, a relevância de um facto depende do número de atributos que reunir. São estes a actualidade, a proximidade, a notoriedade, o conflito, as consequências, a curiosidade, a carga emocional, e a surpresa. Além disso, sublinha Ferreira, a negatividade atrai mais leitores do que os acontecimentos positivos.
Ademais, os acontecimentos noticiados devem ser do “interesse público”.
Setembro 21
Contudo, ressalva o autor, este último elemento levanta o problema de responsabilidade comunicativa.
Posto isto, afirma Ferreira, é fundamental diferenciar o interesse “público” -- que abrange temas que afectam a uma colectividade -- e o interesse “do” público -- associado a impulsos negativos como, por exemplo, curiosidade mórbida ou sexual em relação a um facto da esfera privada.
Neste sentido, é importante recordar que qualquer acontecimento abordado pelos “media” traça um modelo a seguir pela sua audiência. Por isso mesmo, diz o autor, os casos de violência devem ser devidamente contextualizados, para que o seu impacto seja positivo.
Ferreira incentiva, assim, todos os jornalistas a reflectirem quanto à sua responsabilidade pública, de forma a que os “media” continuem a prosperar no século XXI.
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