Desde o início do século XX que o jornalismo passou a reger-se por códigos deontológicos, que ditam as normas éticas da profissão, e que ajudam os jornalistas a solucionarem dilemas.
Estes princípios são, por norma, semelhantes, independentemente do “media” ou do país, e podem ser resumidos em: verdade; verificação; relevância; diferenciação entre notícia e opinião; lealdade para com o cidadão; e rectificação.
Tudo isto pode ser alargado com mais conceitos e raciocínios, desde a presunção de inocência à atribuição e transparência de fontes e citações , bem como à boa gestão de conflitos de interesse.
No entanto, afirmou o jornalista Fernando González Urbaneja num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas” -- editados pela APM, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- o incumprimento de qualquer um dos seis elementos enunciados é imperdoável.
Isto aplica-se, especialmente, às reportagens de cariz mais sensível. O dever de informar e o direito de conhecer os cidadãos são o coração, a espinha dorsal, a natureza do trabalho dos jornalistas. É necessário ter em conta as consequências, os efeitos, mas o essencial é satisfazer o direito de saber.
Ainda assim, o autor considera que, nestes casos, os jornalistas devem estar, ainda, mais atentos, dispensando mais tempo à análise de critérios de reportagem e de publicação.
No caso de uma reportagem sobre suicídio, por exemplo, o assunto não deve ser tratado como um tabu, considerou o autor.
Isto porque o suicídio é algo real, que existe, que tem explicações e que não pode ser ignorado. Como tal, o cidadão tem o direito de saber.
Contudo, há saber que gerir, com prudência, a divulgação de fotografias, evitar repetições, sensacionalismo. Da mesma forma, é importante escapar à tentação de recorrer a testemunhos mal fundamentados.
Do mesmo modo, os peritos em saúde mental devem ser ouvidos, para que as reportagens contenham linguagem adequada e para evitar conclusões precipitadas.
Entre outras questões, as associações para a prevenção do suicídio aconselham " evitar a divulgação de métodos, localização, não exagerar e a ter em conta as famílias".
Leia o texto original em “Cuadernos de Periodistas”