A “geração perdida” dos jornalistas sacrificados pela profissão
Entrevistado pela Columbia Journalism Review, de onde citamos estas afirmações, Scott Reinardy descreve três “gerações perdidas”: a primeira é a dos que perderam o emprego (e talvez a profissão) nos despedimentos que aconteceram; a segunda é a dos jornalistas mais velhos, que se ressentem da mudança da “cultura” da profissão, agravada pela revolução tecnológica e pela necessidade de produzir ao mesmo ritmo com menos pessoal; e a terceira é a dos jovens, que ainda estão a tentar compreender para onde se encaminha a profissão, se é para obter mais clicks de leitores à custa da qualidade de investigação, por exemplo...
“Temos aqui várias gerações procurando encontrar os seus caminhos, o que é desafiante. E temos também aqui um fosso. Há jornalistas entre os 35 e os 45 anos que estão a deixar a profissão, principalmente mulheres. Há um fosso geracional que está certamente a alterar a dimensão daquilo que parecem as redacções, e daquilo que parecem as notícias, para falar com franqueza” - resume o autor.
Muitos dos jornalistas entrevistados descrevem também a aparente indiferença das chefias sobre a real necessidade e consequências das novidades adoptadas no modo de trabalhar:
“Pode tornar-se um cenário infindável de prosseguir tecnologias, ou ideias, uma atrás da outra, em vez de formular um autêntico plano de acção que diga: vamos fazer isto deste modo, isto é o que vamos fazer, e aqui estão as implicações económicas e da qualidade do que estamos a fazer.”
A entrevista de Scott Reinardy na CJR e o trabalho de outro jornalista, Dale Maharidge, que entrevistou jornalistas desempregados e se encontra no arquivo deste site, sob o título “Imprensa americana encolhe redacções”. A imagem é do Pittsbourgh Post Gazette em 1960, colhida deste segundo artigo.