O autor começa pelas perguntas difíceis:

“Como podemos construir confiança no jornalismo e nos media? Temos de sacrificar os direitos humanos e o pluralismo em troca de serviços digitais grátis? Como podemos deter o sofrimento causado pelo discurso de ódio, propaganda e mentiras maliciosas sem pormos em causa a liberdade de expressão? De que modo vamos sustentar o jornalismo de que a democracia necessita para sobreviver?” (...) 

Aidan White destaca o facto de, tanto o Facebook como as outras grandes empresas tecnológicas, terem sido confrontadas por funcionários seus em revolta, e denúncias por parte de antigos dirigentes; também por governos cada vez mais preocupados pelo uso das plataformas para causar interferências em eleições democráticas; bem como por anunciantes fartos de verem os seus produtos [paginados] ao lado de opiniões anti-sociais e mesmo racistas. E, por último, pelos seus próprios utentes, a respeito das questões da privacidade e abusos. 

O incidente ocorrido com o Facebook na Noruega, em que a famosa fotografia da menina vietnamita ferida com napalm foi apagada do jornal Aftenposten, ilustra como “a codificação e a inteligência artificial não podem garantir uma comunicação bem informada, contrastada e ética”: 

“Dirigentes dos media, em todo o mundo, estão a dizer que precisamos de menos edição robótica e automatizada e mais de jornalistas e editores informados, competentes e bem treinados.” (...) 

“Infelizmente, tornou-se evidente que as redes sociais, e os modelos de negócio à volta delas, não foram projectados para promover ou pôr em destaque correntes de informação confiável, digna de crédito. Aquilo que conta nesse mundo são os clicks e os conteúdos que agarram a atenção, para atraírem anúncios, e não o propósito público da informação.” 

O autor chama ainda a atenção para o facto de muitos editores, embora tentados a cortar relações com o Facebook, estarem em dificuldade para encontrar alternativas convincentes. Para a Ethical Journalism Network, segundo afirma, as prioridades são cinco:

  1. Ética – Fortalecer no jornalismo a adesão aos valores fundamentais de rigor, independência, imparcialidade, humanidade, transparência e responsabilização, eliminando o discurso de ódio. (...)
  2. -  Conhecimento digital – Ajudar uma nova geração de jornalistas e editores a compreenderem a era digital, a adquirirem as competências de que precisam e a colocarem jornalismo de dados a todos os níveis.
  3. -   Sustentabilidade – Desenvolver apoio público a modos novos e criativos de financiamento de um jornalismo de interesse público, mantendo a independência editorial que garante a confiança pública. (...)
  4. Envolvimento  -  Garantir que o jornalismo colabora com a sua audiência para aumentar a compreensão do seu papel no novo ambiente da informação, promovendo respeito pela democracia e pelos direitos humanos. (...)
  5. Responsabilidade  -  Os media e o jornalismo têm de ser dignos de confiança, avessos a conflitos de interesse, transparentes a respeito do seu trabalho e sempre dispostos a ouvir as queixas e pontos de vista de outros.

“As novas iniciativas digitais e os actores tradicionais estão a reinventar-se na Net com sucesso, com apoio de doadores, fundações, a audiência e fontes públicas. O futuro do jornalismo não será determinado pela fixação numa única fonte de receitas, mas sim com base em soluções criativas para a crise de financiamento, e pode incluir uma mistura de apoios cívicos, de mercado e públicos.” (...)

 

O estudo Trust in Ethical Journalism  - The Key to Media Futures, em PDF