A escolha das notícias entre o algoritmo e o editor
O debate é muito actual e está longe de concluído. O artigo de Emma Goodman, que aqui citamos, tem o cuidado de descrever a linha de fractura e os motivos contraditórios das escolhas feitas. Mas descreve também, de modo geral, uma geração jovem mais dependente, e uma geração adulta mais desconfiada, do trabalho oculto dos algoritmos na preparação da nossa ementa diária de noticiário.
O trabalho de base deste relatório assenta em debates de grupo realizados no Reino Unido, EUA, Alemanha e Espanha, com utentes jovens (entre os 20 e os 34 anos) e mais velhos (entre os 35 e 54), para entender de que modo se comportam no terreno da distribuição de notícias, onde os agregadores e as redes sociais são intermediários cada vez mais importantes.
“O estudo revela que a confiança nas notícias está associada à relação com uma variedade de fontes e, como já tinha descoberto o Digital News Report, que muitas pessoas começam a sentir-se como editoras das notícias que consomem, misturando e reunindo uma quantidade de fontes diferentes e gerindo proactivamente as suas várias origens.”
“Os que preferem ter editores, principalmente os mais velhos e menos à vontade com a tecnologia, apreciam a competência dos humanos e o modo maleável como é apresentada. Estes mais velhos, particularmente na Alemanha, mostram-se também preocupados com a possibilidade de os seus dados pessoais serem usados para fazer escolhas de conteúdos.” (...)
“Muitos docentes de jornalismo e outros têm escrito sobre como é problemático que os algoritmos sejam entendidos como neutrais, quando nunca podem realmente ser: eles são sempre criados de acordo com princípios específicos. Os algoritmos sobre os quais as empresas de tecnologia constroem os seus negócios também nunca serão transparentes e, como não são entidades de utilidade pública, nunca serão responsabilizados. Como escreveu Emily Bell no Guardian: ‘O Facebook não se considera responsável pela dieta de Informação do mundo, mesmo que seja isto, precisamente, em que se está a tornar’.”
O artigo de Emma Goodman, no site do Reuters Institute