Aquilo que nos diz John Naughton, num texto publicado no The Guardian, é que são as “plataformas” que controlam  (YouTube e Facebook, e antes deles o Google)  -  mas depois não querem reconhecer que estão a assumir, indevidamente, “responsabilidades editoriais”  -  como adianta George Brock.

O título original de John Naughton é:  Here is the News – but only if Facebook thinks you need to know...  (Aqui estão as notícias  - mas só se o Facebook pensar que precisa de saber)...

“Antes da Internet, o nosso problema com a informação era a sua escassez. Agora, o nosso problema é uma abundância incontrolável. Os recursos escassos são, agora, a atenção e o tempo, pelos quais está em curso uma guerra terrível entre os meios tradicionais e as novas empresas baseadas na Internet. O 'consumo' (palavra horrível, mas muito usada) dos antigos meios está a cair, enquanto os meios online estão a agarrar cada vez mais a atenção e o tempo das pessoas.”

Antes disto, como explica John Naughton, havia o Google, que “foi uma espécia de gorila de 350 quilos neste terreno, porque o seu domínio sobre as buscas determinava o que as pessoas podiam encontrar no inimaginável baldio do ciberespaço; e a busca podia ser  – e era –  personalizada, porque os algoritmos do Google podiam descobrir aquilo em que cada utente estaria mais interessado e, portanto, que tipo de informação seria mais relevante para si”. 

“No momento, os maiores ladrões são o YouTube e o Facebook. O YouTube conta com um bilião de utilizadores, metade dos quais fazem o acesso por meio de dispositivos móveis. Em média, o tempo passado no site é de 40 minutos. Agora, o Facebook reivindica 1,65 biliões de utilizadores activos por mês, que passam, em média, 50 minutos por dia nos seus serviços. Portanto, se o Google é um gorila de 350 quilos, o Facebook  é um King Kong de uma mega tonelada.” 

Como destacou a jornalista e investigadora Emily Bell, “na realidade, os jornais subcontrataram a distribuição de seu conteúdo pelo gigante da Internet; (...) porque, se os editores podem facilmente despachar o seu material para os Instant Articles, não podem controlar aquilo que os utentes do Facebook  realmente irão ver. E é assim porque o fornecimento de notícias aos utentes é decidido pelos algoritmos do Facebook, que tentam adivinhar o que cada um deles gostaria de ver (e o que pode levá-los a 'clicar' num anúncio)”. (...)

 

“Os engenheiros podem achar que os algoritmos são ‘neutros’, mas a experiência já nos mostrou que eles são como crianças na floresta da política, economia e ideologia. Se o Facebook quer tornar-se um canal de notícias, então tem de reconhecer que passou para uma esfera diferente e adquiriu novas responsabilidades. E os editores que o absorvem deviam lembrar-se da definição de Churchill para o apaziguamento: consiste no processo de ser simpático para um crocodilo, na esperança de se tornar no último a ser comido por ele.”

Este e outros artigos de reflexão sobre o mesmo tema são citados do Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual mantemos uma parceria. Na janela acima, onde correm títulos de textos já inseridos, pode encontrar "Quem vigia os algoritmos que nos controlam?"; e na rubrica Aconteceu, pesquisando a partir da pág. 23, "Como as redes sociais devoram o jornalismo", que remete para o artigo de Emily Bell.

trabalho aqui citado, o seu original no The Guardian e o texto de George Brock