O que conta Carlos Castilho é que “a Imprensa destes países nórdicos está cada vez mais dependente de informações fornecidas por grupos de pesquisa, mais conhecidos pelo jargão académico think tanks (reservatórios de pensamento), apesar da orientação política destas instituições; os think tanks se apresentam como organizações independentes mas, em sua maioria, são ligados a partidos políticos ou organizações corporativas”.

Citando o trabalho do EJO, o autor adianta que “a informação publicada pela Imprensa está sendo influenciada por três factores predominantes: uso de métodos estratégicos de lobby e relações públicas para contextualizar factos, dados e eventos;  estratégias de longo prazo na promoção e defesa de interesses específicos;  e o uso de informes produzidos por think tanks, apresentados pela Imprensa como independentes, apesar de seus vínculos a indivíduos e organizações com interesses próprios”.

O artigo remete para a apresentação do estudo feito por dois jornalistas dinamarqueses, Mark Blach-Orsten e Nete Norgaard Kristensen, que se concentraram sobre a experiência dos dois mais influentes think tanks na Dinamarca, o liberal CEPOS (Centro de Estudos Políticos), mais ligado aos meios de comunicação e empresas privadas, e o social-democrata ECLM (Conselho Económico do Movimento Trabalhista, com ligações ao governo e aos sindicatos).

 

“Nós estudámos  - diz Mark Blach-Orsten na sua apresentação -  a cobertura, ao longo de cada ano, destes dois think tanks em 2006 e 2013 em sete jornais dinamarqueses, incluindo três dos maiores de grande formato, dois tablóides e dois jornais de nicho de mercado, num total de 2.279 referências.”

 

“O nosso estudo (em inglês, Think Tanks in Denmark – Media Visibility and Network Relations)  mostra que CEPOS e ECLM, os dois maiores e mais antigos think tanks da Dinamarca, parecem ter captado a atenção dos meios de comunicação, como tópicos e fontes de interesse e de importância. Cada um recebeu semelhante cobertura, com o de tendência liberal, CEPOS, tendo atenção mais positiva por parte da Imprensa liberal, e o ECLM atraindo atenção positiva do centro-esquerda. Nós concluímos que isto ‘confirma a tendência para uma re-politização [sic] dos meios de comunicação na Dinamarca’. Esta tendência também foi notada no contexto dos EUA.”

 

“Embora o propósito dos think tanks seja o de promover ideologias e causas particulares, o estudo dos media mostra que estes grupos de influência [no original advocacy think tanks) são frequentemente apresentados como fontes ‘independentes’, mais do que como ‘fontes de interesses especiais’. (...)  Também indica que os think tanks dinamarqueses foram rápida e eficazmente bem sucedidos em conseguirem promover-se como especialistas objectivos.”


O artigo no Observatório da Imprensa, o estudo dos jornalistas dinamarqueses (em inglês) e um Directório de grupos legais de influência (lobby) junto do Congresso dos EUA