O texto do relatório que descreve as alterações de posição dentro do ranking, bem como um documento de análise a ele associado, sublinham a emergência crescente de políticos autoritários, em várias regiões do mundo, e o fenómeno preocupante da “erosão da democracia” verificada na Europa e nos Estados Unidos. 

“A chegada ao poder de Donald Trump, nos Estados Unidos, e a campanha pelo Brexit, no Reino Unido, serviram de trampolins para a prática de media bashing, para os discursos anti-media altamente tóxicos, fazendo com que o mundo entre na era da pós-verdade, da desinformação e das notícias falsas. Ao mesmo tempo, onde quer que o modelo do político autoritário triunfe, a liberdade de Imprensa recua.” 

Na Europa, são citadas a Polónia, que perde sete lugares, para a 54ª posição, e a Hungria, que desce quatro, para a 71ª. Embora continuando a ser a zona geográfica onde os media são mais livres, segundo este ranking  “a Europa é também o continente que registou a degradação mais forte de seu índice global: +3,80% em um ano; a diferença é ainda mais impressionante se tomarmos os últimos cinco anos: +17,5%.” 

Ainda na Europa, “a Finlândia (3a, -2) que ocupava o topo do ranking há seis anos, cedeu o seu lugar por causa de pressões políticas e conflitos de interesse, beneficiando a Noruega (1a, +2), que não faz parte da União Europeia  - um golpe duro para o modelo europeu; em segundo lugar, a Suécia ganha seis pontos”. 

As regiões onde o exercício do jornalismo é considerado mais perigoso são o norte de África e o Médio Oriente, especialmente nos países devastados pela guerra. 

“A região Ásia-Pacífico concentra todos os recordes: reúne as maiores prisões do mundo para os jornalistas e bloggers, como a China (176a) ou o Vietnam (175a); inclui países entre os mais perigosos para a profissão, como o Paquistão (139a), as Filipinas (127a) e o Bangladesh (146a). A região ainda reúne um grande número de "predadores da liberdade de imprensa" no comando das piores ditaduras do planeta, como a China, a Coreia do Norte (180a) ou o Laos (170a), verdadeiros buracos negros da informação.” (...) 

“Publicado todos os anos, desde 2002, por iniciativa dos RSF, o Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa permite determinar a situação relativa de 180 países com relação, sobretudo, ao seu desempenho em matéria de pluralismo, independência dos media, respeito à segurança e à liberdade dos jornalistas.” 

“O Ranking 2017 foi estabelecido levando-se em conta violações cometidas entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2016. Os índices globais e regionais são calculados a partir dos pontos obtidos pelos diferentes países. Por sua vez, esses pontos são estabelecidos a partir de um questionário proposto em vinte línguas a especialistas do mundo inteiro e submetido a uma análise qualitativa.” (...) 


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