A credibilidade dos “media” afectada por manobras políticas
As empresas de comunicação e os jornalistas estão a enfrentar um complexo dilema profissional e corporativo, provocado pela utilização da estratégia da dúvida informativa, um recurso comum a grupos políticos, que procuram reforçar o seu poder na sociedade contemporânea.
Segundo notou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria, apesar de a incerteza ser uma estratégia popular há várias décadas, a internet veio torná-la mais sofisticada, minando a credibilidade de personalidades e instituições.
Além disso, esta manobra constitui, também, uma ameaça para a credibilidade dos “media”, obrigando os profissionais a escolher entre compactuar com as manobras políticas -- ficando em falta para com os cidadãos -- ou desmistificar as “semi-verdades” -- correndo o risco de serem acusados de parcialidade e partidarismo.
Segundo recordou o autor, este fenómeno está, agora, a ser analisado por diversos especialistas em comunicação política, que concluíram que tudo começa com a partilha de uma “suspeita inicial”, às quais se vão acrescentando novas afirmações, levando os consumidores de informação a questionar as suas próprias convicções.
O esquema, ressalva Castilho, é particularmente eficaz quando jornais, revistas, noticiários radiofónicos e telejornais transmitem conteúdos supostamente noticiosos, gerados pelos promotores da dúvida.Contudo, a recente consciencialização dos jornalistas, promovida pela análise de especialistas, obrigou as publicações a verificarem a fiabilidade e o contexto de todas as suspeitas partilhadas contra personalidades, instituições e órgãos governamentais.
Setembro 21
Caso isto deixe de ser feito, os “media” contribuirão para a desinformação, atentando contra a regra básica de todos os manuais de redacção: o compromisso com o rigor informativo.
Contudo, ao realizarem este ritual, o jornalismo e a imprensa serão, provavelmente, acusados de parcialidade e proselitismo.
Ainda assim, Castilho insta todos os profissionais dos “media” a cumprirem o seu dever, já que as informações fidedignas são a melhor fórmula para desmistificar qualquer dúvida, e ajudar os cidadãos a tomarem decisões inteligentes sobre o seu próprio futuro.
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