Sobre a questão que é o ponto de partida de todo o debate sobre os problemas de sobrevivência da Imprensa escrita, Francisco Sarsfield Cabral lembrou que, nos EUA, o número de jornalistas é hoje metade do que era há vinte anos. 

Em Portugal, “os órgãos de informação, todos, reduziram as redacções, para poupar dinheiro, e isso leva a que o jornalismo de investigação seja fraco, ou ocasional, enquanto as redes sociais são muito parciais, cada pessoa só vê o seu ponto de vista”. (...)

Lembrou que o custo das grandes investigações, como a do caso Watergate, por The Washington Post, dificlmente as tornaria possíveis hoje, mesmo com o jornal adquirido por Jeff Bezos. Ao nosso nível, e com um número muito reduzido de leitores, temos estes problemas agravados. 

“Veja o Diário de Notícias, parece que vai acabar como diário, um jornal que nasceu em 1864 para dar notícias... Nós hoje temos ideia de que há política a mais, mas no séc. XIX cada político tinha o seu jornal  -  com tiragens pequeníssimas, e eram basicamente jornais de opinião, para defender o político. O Diário de Notícias surge em 1864, para tratar mais dos factos, dar mais notícias e menos opinião. E assim foi durante muito tempo.” (...) 

“O que hoje acontece com todos os jornais que têm sites é há uma pressão para pôr a notícia o mais depressa possível, e muitas vezes isso colide com uma investigação aprofundada. (...) Esta pressão de dar a notícia antes que os outros dêem, às vezes prejudica muito a qualidade da informação.” 

“A grande força do jornalismo  - afirmou ainda -  é ser credível.” 

António Teixeira Mendes explicou o funcionamento dos diversos ramos do Grupo Folha de S. Paulo, que começou cedo na Internet, “não ficou para trás” e tem conhecimento vivido dos problemas que ela trouxe ao modelo de negócio tradicional, baseado na publicidade. 

Por seu lado, Paulo Carmona falou da aposta original do Dia 15, um jornal mensal com o seu primeiro número publicado há pouco tempo, e a apostar num jornalismo mais reflexivo e feito para ler com tempo. 

Francesco Marconi mencionou, entre outras matérias sobre o Wall Street Journal, a aposta nas tecnologias de inteligência artificial  - não para substituir os humanos, mas para “desempenhar tarefas repetitivas e assim libertar o jornalista para tarefas mais criativas.

 

Esta edição da “Sociedade Civil”, apresentada por Luís Castro, está acessível em 

https://www.rtp.pt/play/p4365/e349908/sociedade-civil