A Meta, dona do Facebook, anunciou recentemente que irá deixar de pagar aos órgãos de comunicação social australianos pelos conteúdos noticiosos publicados na sua rede social, noticiou a Reuters.

Esta decisão desencadeia tensões na relação entre a Meta e o governo australiano, porque põe em causa o compromisso assumido há três anos. A Austrália aprovou, em 2021, legislação que obriga as gigantes tecnológicas a negociar compensações às empresas de média pelas notícias que são publicadas nas suas redes sociais, uma vez que os sites facturam publicidade, mas não partilham as receitas com as fontes dos conteúdos.

Muitos dos acordos existentes entre a Meta e as empresas de média australianos expiram em 2024, lembra a agência noticiosa.

O comunicado da Meta refere que não serão estabelecidos novos acordos comerciais para publicação de notícias na plataforma e que não serão desenvolvidos novos produtos específicos para empresas de média. Além disso, a dona do Facebook confirmou que irá deixar de ter activa a secção de notícias na sua rede social na Austrália e nos Estados Unidos, replicando a decisão já tomada no Reino Unido, França e Alemanha no ano passado.

A Meta afirmou que a decisão é “parte de um esforço contínuo para alinhar os investimentos aos produtos e serviços que as pessoas mais valorizam”, e que o número de pessoas que usa a secção de notícias do Facebook na Austrália e nos EUA caiu 80% no ano passado, diz o The Guardian.

A decisão da Meta foi criticada pelo governo australiano. "A ideia de que uma empresa pode beneficiar do investimento dos outros, não apenas investimento financeiro, mas também investimento em pessoas, investimento no jornalismo, é injusta”, disse o primeiro-ministro Anthony Albanese, citado pela Reuters.

O governo espera, agora, orientações do Departamento do Tesouro e da Australian Competition and Consumer Commission sobre os próximos passos a dar diante desta decisão da Meta.

De acordo com a lei de 2021, o governo deve decidir se nomeia um mediador para avaliar eventuais multas a impor à Meta, se a empresa não cooperar.

No entanto, a Reuters explica que a gigante tecnológica não tem obrigação de pagar às empresas de média se impedir os utilizadores de usar a opção de republicação das notícias na plataforma. A dona do Facebook já tomou essa decisão no Canadá, em 2023, quando o país aprovou uma lei semelhante à australiana. Ainda assim, as empresas noticiosas podem continuar a publicar os seus artigos na rede social.

A Reuters sublinha que este confronto reflecte a tensão global actual entre governos e empresas de média, por um lado, e gigantes tecnológicas, por outro.

(Créditos da fotografia: Solen Feyissa no Unsplash)