Jornalistas presas no Irão condecoradas pela UNESCO
A UNESCO atribuiu, este ano, o Prémio Guillermo Cano para a Liberdade de Imprensa a três mulheres jornalistas presas no Irão.
Noloofar Hamedi, Elaheh Mohammadi e Narges Mohammadi, foram homenageadas com este prémio, que celebra a liberdade de imprensa, tendo sido realçado, pela organização, o "trabalho corajoso" destas jornalistas iranianas, apesar dos ataques e ameaças a que foram sujeitas.
Hamedi, que trabalhava no principal diário reformista iraniano, Shargh, está detida, em regime de isolamento, na prisão de Evin, no Teerão, desde setembro de 2022, depois de ter dado a notícia da morte da jovem de 22 anos, Masha Amini, por não respeitar o uso do véu islâmico.
Elaheh Mohammadi, foi quem fez a reportagem do funeral de Amini e está também detida na mesma prisão.
Estas duas jornalistas iranianas também foram galardoadas com o Prémio Internacional de Liberdade de Imprensa 2023 dos Jornalistas Canadianos para a Liberdade de Expressão e com o Prémio Louis M. Lyons para a Consciência e Integridade no Jornalismo da Universidade de Harvard.
Para além disso, Noloofar e Elaheh foram consideradas duas das cem pessoas mais influentes do mundo em 2023, pela revista Time.
Narges Mohammadi, que é também directora-adjunta do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, em Teerão, está a cumprir pena de prisão em Evin, de onde tem continuado o trabalho como jornalista, incluindo o livro de entrevistas com outras prisioneiras intitulado “White Torture”.
Narges já foi condenada a chicotadas e a prisão, por mais do que uma vez, por ““propaganda contra o sistema político iraniano”.
A organização recordou que as mulheres jornalistas e outros trabalhadores dos meios de comunicação social em todo o mundo enfrentam, cada vez mais, ataques e ameaças “desproporcionadas e direccionadas”.
A directora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, disse, em comunicado: “agora, mais do que nunca, é importante prestar homenagem a todas as mulheres jornalistas que são impedidas de fazer o seu trabalho e que enfrentam ameaças e ataques à sua segurança pessoal”.
Zainab Salbi, presidente do júri, confirmou o compromisso de honrar estas mulheres “e garantir que as suas vozes continuem a ressoar em todo o mundo até que estejam seguras e livres”, depois de terem pago “um preço elevado” pelo seu trabalho.
Foto: UNESCO