O jornalista do Wall Street Journal (WSJ) Evan Gershkovich, detido desde o dia 29 de Março de 2023 na Rússia, soube esta semana que o tribunal decidiu prolongar a sua prisão por mais três meses, até 30 de Junho, anunciou o Comité de Protecção de Jornalistas (CPJ).

O tribunal de Moscovo aprovou o pedido do Serviço Federal de Segurança para estender pela quinta vez a detenção do jornalista norte-americano antes de este ir a julgamento.

Gershkovich, de 32 anos, foi preso durante uma viagem em trabalho, na cidade de Ekaterinburg, acusado de ser espião e de tentar obter segredos militares. O jornalista poderá enfrentar uma pena de prisão de 20 anos, segundo o código penal russo. Tanto o jornalista, como o WSJ e o governo dos EUA negam as acusações de espionagem.

Vladimir Putin disse que Gershkovich poderia vir a ser trocado por um prisioneiro russo, mas até agora não foi feito nenhum acordo, diz o The Guardian.

Várias entidades têm vindo a condenar a detenção do jornalista e a apelar à sua libertação, incluindo o próprio governo norte-americano. “Numa altura em que passamos a marca de um ano, o governo russo ainda não apresentou provas para consubstanciar as suas acusações; não há justificação para a detenção prolongada de Evan, nem explicação dos motivos que levam o trabalho de Evan enquanto jornalista a constituir um crime”, disse a embaixadora dos EUA na Rússia, Lynne Tracy, citada pelo CPJ.

“As autoridades russas têm de libertar imediatamente Gershkovich, deixar cair todas as acusações contra ele e parar de perseguir os jornalistas por fazerem o seu trabalho”, declarou, por seu turno, Gulnoza Said, coordenadora do CPJ para a Europa e Ásia Central.

A estas vozes, juntam-se muitas outras, incluindo o The Guardian, num editorial especial dedicado ao jornalista, a revista Time, que lhe reserva a capa desta semana, a Federação Internacional de Jornalistas (IJF) e o próprio WSJ, que dedica uma página ao jornalista.

No relatório mais recente do CPJ com dados sobre a detenção de jornalistas, publicado em Dezembro de 2023, a Rússia figurava em quatro lugar, com pelo menos 22 profissionais detidos.