Atenção à Lusa

No jornal Público de terça-feira, 10, Pedro Norton assina um artigo
intitulado “A venda da Lusa não interessa mesmo a ninguém?” P.
Norton mostra-se surpreendido e escandalizado por terem passado
largamente desapercebidas certas movimentações envolvendo o
capital da agência. É que, a concretizarem-se, essas
movimentações podem pôr em causa a independência jornalística
da Lusa.
O colunista Pedro Norton, de cujos artigos sou leitor e apreciador,
fez bem em chamar a atenção para um problema de que eu apenas
vagamente fazia ideia. Este “site” do Clube Português de Imprensa
certamente irá trazer-nos mais informação sobre as perspetivas da
Lusa.
Na minha longa carreira de jornalista trabalhei em jornais diários e
semanários, na rádio e na televisão. Mas nunca colaborei com a
Lusa nem com as suas anteriores encarnações empresariais.
Nunca calhou.
Ora a crescente carência de meios humanos e materiais nas
empresas de comunicação social, que operam em Portugal, torna
o trabalho da Lusa ainda mais indispensável. Por exemplo,
sobretudo na imprensa escrita têm vindo a ser reduzidos os
correspondentes, no resto do país e no estrangeiro – estando a
Lusa a tapar esses “buracos”. Assim como a Lusa procura
compensar a falta de jornalismo de investigação na maioria dos
órgãos de informação que funcionam entre nós.
Escreve P. Norton que “poucas instituições terão hoje mais
potencial para influenciar a agenda pública e política”. Mas os
jornalistas da Lusa, fornecendo textos que outros órgãos de
informação irão utilizar, permanecem quase sempre na
obscuridade. É uma situação que torna o trabalho desses jornalistas
mais inglório, mas nem por isso menos necessário.
Por isso, atenção ao que se passa e poderá passar na agência
Lusa. A democracia portuguesa precisa de uma Lusa forte e
independente de forças políticas e empresariais.