No Observador, João Carlos Espada define The Spectator como “uma expressão típica da originalidade da tradição conservadora-liberal britânica”, que “associa a defesa de uma disposição conservadora com o sentido de humor e de moderação”. 

Citando Michael Oakeshott, autor de “um dos mais célebres ensaios sobre a tradição conservadora britânica, de que The Spectator é uma expressão (On being conservative, 1956)", escreve que “no centro desta ‘disposição conservadora’ não está um programa racionalista mas uma “disposição”: uma disposição para usufruir (a disposition to enjoy)”. 

João Carlos Espada recorda algumas das suas batalhas do séc. XIX e do séc. XX: The Spectator, “na década de 1840, liderou a campanha pelo comércio livre contra as proteccionistas Corn Laws, que foram derrotadas no Parlamento em 1846; na década de 1860, defendeu com argumentos cristãos a causa anti-esclavagista do Norte na guerra civil americana; nas duas grandes guerras do século XX esteve sempre patrioticamente ao lado das tropas britânicas; em Janeiro de 1965, após a morte de Churchill, publicou uma capa memorável com um grande cinzeiro e um charuto apagado e meio fumado”. 

Foi anti-comunista na década de 1980, “sobre a revolta anti-soviética na Europa central e de Leste”. 

“Defendeu Margaret Thatcher e Ronald Reagan — embora tenha sido contra a entrada britânica na Comunidade Europeia, no primeiro referendo, e a favor da saída, no mais recente. Mantém hoje prudente distância de Donald Trump, ao mesmo tempo que exprime simpatia e compreensão para com os seus eleitores.” (...) 

Em The Guardian, Andrew Collins conta que comprou pela primeira vez um exemplar da revista para ver “como vive a outra metade”. Corrige depois a expressão para “os três quartos”, dada a actual circulação de mais de 75 mil exemplares de que goza The Spectator, comparada com os 26 mil e pouco da New Statesman

Faz ainda um pouco de leitura comparada do estilo de ambas, admitindo que não lia a New Statesman quando os Trabalhistas estavam na oposição, mas que a revista “amavelmente reproduz todas as semanas artigos de arquivo que nos lembram de como os seus dentes eram afiados”. (...) 

“O problema é o terreno do centro, que nunca foi um grande campo de jogo. Actualmente até os Conservadores acham que o Iraque foi invadido sob um falso pretexto, que George Bush não faz sentido e que os bilhetes de identidade são uma péssima ideia, enquanto a Imprensa de extrema-direita protesta contra a quinta pista no aeroporto de Heathrow.” (...)

 

Mais informação no Observador e em The Guardian