São conhecidas de há muito as queixas de espectadores, que não conseguiram aceder à emissão da TDT, em vários pontos do país, onde recebiam sem problemas a antiga emissão analógica, motivando reclamações, quer junto da Entidade Reguladora, quer junto da DECO, embora com resultados incertos.

A proposta, que deu agora entrada no Parlamento, deverá merecer o apoio da maioria de esquerda, uma vez que resulta de um projecto conjunto do PS, Bloco, PCP e PEV.

De facto, as propostas iniciais da esquerda pediam a inclusão na oferta gratuita da TDT dos canais da RTP — pelo menos, a RTP 3 e a RTP Memória —, e o alargamento da cobertura, para chegar a, pelo menos, 98% da população, além da obrigação da emissão se fazer por via terrestre (DVB-T), sem recurso a satélite .

Resta saber se a cobertura desejável corresponderá aos objectivos definidos pela actual plataforma parlamentar de esquerda.

O presidente da RTP já se congratulou, entretanto, com a decisão do Conselho de Ministros, que considerou “muito equilibrada".

 

Gonçalo Reis encarou a decisão como uma medida “inclusiva”, uma vez que "traz todos a jogo", salientando que a TDT "era um dossier que estava em aberto".

Note-se que a deliberação aprovada pelo Governo corresponde a este desejo, mas terá que enfrentar agora a oposição dos canais privados SIC e TVI que, em declarações ao Correio da Manhã, consideraram que o alargamento a mais canais da RTP mantém “uma situação de incerteza jurídica incompatível com o desenvolvimento sustentável da TDT".

O futuro próximo dirá qual poderá ser o desfecho deste alargamento da TDT, numa fase em que os operadores de cabo e de satélite têm vindo a reforçar as suas posições no mercado, com ofertas cada vez mais aliciantes, beneficiários ainda das incertezas instaladas, aquando da substituição da emissão analógica pela TDT.