Uma outra mudança em curso é a diminuição do consumo da televisão tradicional, linear, onde se assiste a programas em tempo real. E também aqui a idade dos utentes tem significado. 

Os jovens entre os 15 e os 34 anos são os mais renitentes. Segundo Philippe Bailly, o tempo que passam diante do televisor “baixou cerca de 25% desde 2013”, o que significa menos 43 minutos, levando-os a descer do patamar das duas horas por dia.

Esta evolução é aproveitada pelas plataformas de vídeo a pedido (SVOD), como a Amazon Prime Video ou a Netflix. “Elas não vão matar os canais tradicionais”  - explica -  mas “vai haver uma forma de redistribuição dos papéis”. 

A informação noticiosa pertence aos conteúdos dessa televisão tradicional, com programas seguidos em directo, ou que “dão a impressão de viver em directo: desporto, jogos, informação, magazine”. 

Mas a concorrência das referidas plataformas agrava-se, e começa a vir para o território desses telespectadores mais velhos.

Por um lado, porque estão a crescer muitíssimo em número de assinantes. A Netflix já tem cerca de dez milhões no Reino Unido e mais de 3,5 milhões de lares conectados em França. 

Segundo Les Echos, a suprema ironia é que, “agora que a televisão gratuita tem dificuldade (porque os anunciantes apontam para os que são de menos de 50 anos) em assumir a idade mais elevada da sua audiência, com programas específicos, a Netflix pode permitir-se ter programas para séniores, como The Kominsky Method ou Grace and Frankie.” (...) 

E não é tudo. O exemplo mais marcante é o dos documentários sobre natureza e animais, “onde a BBC se julgava imbatível, em ambição e audiência”: 

“A Netflix está a preparar, para 2019, a sua série com a personalidade que encarna estes programas na BBC: David Attenborough.” (...) 

E, “com The Final Table (uma espécie de Master Chef gigante), ou o Ultimate Beastmaster (uma espécie de Ninja Warrior),  “a Netflix ataca os concursos de talentos, que são o género mais importante da televisão gratuita”. (...)

 

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