Sessenta e quatro por cento da informação digital gratuita é “corta e cola”
O relatório L'information à tout prix, recentemente publicado em França por Julia Cagé, Marie-Luce Viaud e Nicolas Hervé, chega a conclusão de que 64 por cento da informação digital é “corta e cola”.
Só 21 por cento dos 850 mil artigos analisados no estudo eram originais e metade dos artigos, tinham menos de 20 por cento de conteúdos nativos.
Segundo os autores do estudo, este facto deve-se em grande medida à crescente despovoação das redações dos jornais, que têm estadado a diminuir a um ritmo acelerado.
Os autores calcularam também que a redução de jornalistas vai fazer com que, até 2020, haja menos 30 mil artigos de informação original.
Os meios não têm incentivo económico para produzir informação original, já que o objectivo da carreira é obter “visitas” e para isso é suficiente “cortar e colar”.
Por outro lado, os meios tendem a não referir as fontes, só o fazem em 8 por cento dos casos.
Como refere Miguel Ormaetxea, num artigo publicado no site media-tics, esta situação está a criar uma homogeneização crescente dos conteúdos, que torna mais pobre a informação de que a opinião pública dispõe.
Produzir informação original é caro e com a queda do modelo económico anterior, os editores com o recurso ao “corta e cola” estão a "cavar a sua própria sepultura".
Há, no entanto, uma luz ao fundo do túnel: o desenvolvimento de um novo modelo de negócio, de subscrição paga, geralmente de baixo preço, mas que está a aumentar nos grandes meios.
É o caso do The New York Times e também dos britânicos The Times, The Telegraph e do Financial Times.
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