RSF denuncia obstáculos à distribuição da imprensa
“Tipografias, distribuidores e vendedores de jornais, raramente são citados nos jornais. No entanto, o trabalho deles é essencial para a liberdade de imprensa”, afirmou Christophe Deloire, secretário geral da RSF.
“Um jornalista não deve ser apenas capaz de pesquisar e escrever livremente. O seu trabalho também deve chegar aos seus leitores sem restrições. Caso contrário, os cidadãos podem ficar sem acesso à informação plural que é indispensável a toda democracia”.
As pesquisas efectuadas pela RSF, em mais de 90 países, mostram que cerca de 41% das tentativas para impedir a distribuição da imprensa, ocorrem no momento da venda.
O vendedor de jornais, como o último intermediário entre o leitor e o jornal, também pode estar sujeito a pressões destinadas a restringir o fluxo de informações.
No Congo e na Guiné Equatorial, a polícia apreendeu edições inteiras nos quiosques para as destruir completamente.
Em Madagáscar, em Setembro de 2018, representantes do governo, compraram todas as cópias de um jornal que revelou na primeira página, as supostas relações secretas da primeira-dama com um conselheiro do presidente.
Os “ardinas” na Polonia são obrigados a oferecer um espaço preferencial nos escaparates de exposição à imprensa pró-governamental, em detrimento da imprensa independente, o que faz com que os jornais não alinhados se tornem praticamente "invisíveis" para os clientes.
No México, os vendedores de jornais recebem ameaças directas, alguns foram mortos simplesmente por fazerem o seu trabalho de distribuição.
Mais de 22% dos casos, de violação da distribuição gratuita da imprensa, são registrados quando os jornais são transportados para o ponto de venda, de acordo com o mesmo estudo.
Na Nigéria ou no Paquistão, as autoridades não hesitam em recorrer à polícia ou ao exército para parar os camiões de transporte para confiscar os jornais.
Quanto mais distantes estão os pontos de venda de jornais, maiores são os obstáculos à sua distribuição, conclui o estudo.