É este o início do texto explicativo de Dominique Leglu, chefe da Redacção de Sciences et Avenir, sobre a inesperada decisão tomada pelo Ministério da Comunicação de Marrocos. O seu texto prossegue:

“A direcção da Redacção de Sciences et Avenir faz saber que se ergue com a maior energia contra esta censura que penaliza a nossa revista, evocando aqui questões que dizem respeito ao Universo, à evolução, às noções do sagrado, do apocalipse, da imortalidade, do ponto de vista da ciência e das crenças. Tanto mais que este número especial foi editado com a colaboração de cientistas eminentes, de filósofos e religiosos, que estiveram presentes num colóquio igualmemente intitulado “Deus e a Ciência”, organizado pela nossa revista no início do ano passado.”

Dominique Leglu acrescenta que as duas miniaturas, “uma ilustrando uma cronologia elaborada por Sciences et Avenir sobre três milénios, a outra uma página consagrada ao Alcorão (a sua divisão em capítulos, as datas dos antigos manuscritos...) foram realizadas pelo famoso calígrafo Lufti Abdullah, por encomenda do sultão otomano Mourad III. Muitos extractos da sua obra magistral podem ser vistos no Museu Topkapi, de Istambul, como noutros museus e bibliotecas.”

O seu texto lamenta a inoportunidade da decisão tomada, e conclui que “esta censura é tanto mais inapropriada quanto a época actual exige, mais do que nunca, uma compreensão aprofundada da ciência, das culturas e das crenças, em favor de uma autêntica abertura ao mundo”. 

O editorial de Sciences et Avenir e a notícia do Le Monde, a que pertence a ilustração utilizada: