A preocupação do público relativamente à desinformação (fake news)  “continua bastante alta, com uma média de 55% nos 38 países analisados, sendo que a Holanda é o país que manifesta menos receios em relação a esta matéria”, com apenas 13%.

O relatório aponta ainda que cresceu o número de pessoas que evitam ler notícias, chegando ao que é descrito como “rejeição”:

“No Reino Unido, mais de metade dos que evitam notícias dizem que elas os fazem sentir tristes, enquanto outros dizem que se sentem sem poder para mudar o que acontece.”  (...)

Rasmus Nielsen, presidente do Instituto Reuters, diz que “as boas notícias são que os editores que produzem jornalismo distinto, valioso e confiável, estão a ser recompensados com sucesso comercial. As más notícias são que as pessoas acham que muito do jornalismo com o qual se cruzam não tem valor, não é de confiança e não vale a pena pagar por ele.” 

“É bem possível que isto também esteja relacionado com o mar de informação em que os consumidores se sentem mergulhados e com a aparente incapacidade dos meios de comunicação social de explicar o que se passa.” 

Segundo o estudo da Reuters, “cerca de dois terços sentem que os media são bons a manter as pessoas actualizadas (62%), mas menos a ajudá-las a compreender as notícias (51%). Menos de metade (42%) acha que os media estão a desempenhar um bom papel em controlar os ricos e poderosos  - e na Hungria este número baixa para 20%.” 

No capítulo sobre Portugal é revelado que “a sustentabilidade dos grupos e empresas de media continua a ser difícil, com o financiamento para a inovação vindo frequentemente de iniciativas como a Digital News Initiative, da Google”: 

“Em 2018, a DNI financiou cinco projectos portugueses com um total de 1,4 milhões de euros (a Media Capital, a Cofina, o Diário de Notícias, o Observador e um projecto-piloto de uma start-up chamada The Mosted, que projecta oferecer aos jornalistas métricas em tempo real, à medida que escrevem.”  (...) 

O sumário de apresentação do relatório, assinado por Nic Newman, afirma que “a polarização política encorajou o crescimento de agendas online partidárias, o que, associado ao clickbait e a várias formas de desinformação, contribui para abalar ainda mais a confiança nos media  -  levantando novas questões sobre como proporcionar uma cobertura equilibrada e imparcial na era digital”.  (...) 

“No meio de toda esta mudança frenética, alguns começam a questionar se o jornalismo continua a cumprir a sua missão fundamental de chamar os poderosos a prestar contas, e ajudar as audiências a compreenderem o mundo à sua volta.” 

“Este questionamento vem na forma de inquéritos, pelos governos de alguns países, quanto à sustentabilidade futura de um jornalismo de qualidade (com recomendações a respeito do que pode ser feito para o apoiar). Mas vem ainda de partes do público que sentem que o jornalismo fica, com frequência, aquém daquilo que as pessoas esperam dele.”  (...) 

A participação portuguesa no relatório é da responsabilidade do OberCom e do ISCTE, sendo coordenada por Ana Pinto Martinho, Miguel Paisana e Gustavo Cardoso.

 

 

Mais informação no Jornal de Negócios.

A introdução e principais conclusões do relatório,  o capítulo sobre Portugal  e o texto completo em pdf.