O Festival deste ano contou com a presença de conferencistas de mais de 25 países, para contemplarem algumas das melhores imagens publicadas no ano passado. Do debate referido, que foi moderado pelo académico colombiano Germán Rey, rcolhemos a síntese, em quatro pontos, divulgada pela International Journalists’ Network:

  1.  -  O fotojornalismo dá ao conflito a sua espessura humana  -  As necessidades e queixas dos civis, sobretudo de grupos minoritários, costumam ser postas de lado nas negociações de paz. Muitas pessoas continuam a associar conflito a movimentos militares e armas. Natalia Botero acredita na importância de fotografar os conflitos, porque isso obriga os indivíduos a verem-no de uma perspectiva diferente, a dos que sofrem no terreno. Todos concordaram que o fotojornalismo pode ser uma ferramenta que ajuda a preencher este espaço, pondo o foco nos que são afectados.
  2.   -  A fotografia serve como prova  -  Natalia Botero diz que “a fotografia dá testemunho”. Quando as comissões [de busca] da verdade se reunem, no final de um conflito, dependem principalmente de testemunhos escritos, o que pode ser fonte de problemas, se as vozes de certos grupos não forem chamadas à mesa. A fotografia “pode trazer evidência irrefutável e desafiar testemunhos contraditórios”. Natalia diz que procura “salvar os sobreviventes dos conflitos” e ser tão imparcial como possível quando está por detrás da lente da câmara.
  3.   -  O fotojornalismo contribui para o processo de cura  -  Os participantes no debate concordaram em que o fotojornalismo pode ter um impacto profundo nas sociedades e na sua capacidade de estabelecerem bases para um processo comunitário de cura, construindo uma memória visual e consciência nacional partilhadas. “Embora o cessar-fogo e os tratados de paz sejam importantes, limitam-se a criar uma paz negativa, marcada pela ausência de violência. A paz social  - conhecida como paz positiva -  vai mais fundo e ajuda a um verdadeiro processo de cura.”
  4.   -  O fotojornalismo tem responsabilidade  -  “É crucial que os fotojornalistas respeitem os mais elevados padrões de ética e se abstenham de alterar as imagens, visto que têm o poder de escrever a história. As fotografias têm o poder de reconciliar diversas verdades e criar uma memória mais colectiva e consistente. Com este poder, é imperativo ser imparcial e iluminar todas as partes em conflito.”

 

O texto citado, na íntegra, em IJNet. Mais informação sobre os Prémios Gabo de 2018 e entrevista com Stephen Ferry