Conforme conta, enquanto os jornais já começavam a descobrir que “o seu próprio êxito global estava a cavar a sua campa financeira”, ainda a televisão tradicional gozava de estabilidade, em parte graças à própria tecnologia, porque as conexões pela Internet não eram suficientemente seguras.

“Só a chegada do YouTube, em 2005, prenunciou o êxito futuro do vídeo por streaming, embora nesse momento fosse uma simples plataforma para pôr tretas.”

Dois anos depois, “um humilde vídeoclube dos EUA assentava as bases definitivas, até nova ordem, do negócio audiovisual: a Netflix convertia-se num YouTube pago e com produtos de qualidade (filmes, séries, documentários), aberto a uma audiência global que podia escolher quais, quando e onde ver os seus conteúdos, dispensando a publicidade.”

A televisão tradicional respondeu com os seus próprios sistemas de escolha, mas não evitou a presença dos anúncios, antes ou pelo meio das séries, que desagradam a muitos utentes.

Neste momento a Netflix já ultrapassa os 130 milhões de assinantes, “muitos dos quais repartem o seu tempo (e o seu dinheiro por outras plataformas similares (Amazon Prime Video, HBO, Hulu...) Vive-se mesmo uma espécie de ‘atomização’ do sector OTT (Over the Top), porque a Hwawei e a Warner Bros têm as suas próprias plataformas, a Walmart e Disney preparam as suas, YouTube e Twitch oferecem modelos de assinatura e Facebook e Apple já estão preparadas.” (...)  

O autor adverte que o investimento publicitário, em Espanha, está a cair mais do que a média global, e que mesmo a Atresmedia e a Mediaset, “que ficam com 85% do investimento publicitário em televisão”, neste país, enfrentam a pressão especulativa da Bolsa e têm perdido dinheiro.

O negócio que considera mais ameaçado, a curto prazo, é o das televisões autonómicas, por cortes causados pela crise e por polémica decorrente de manipulação política.

 

O texto citado, na íntegra, em Media-tics