Uma jornalista de Hong Kong foi considerada culpada de conduta “criminosa”, por ter consultado uma base de dados pública, de trânsito e transporte, para investigar um ataque a uma estação de metro.
O caso de Bao Choy, uma produtora do operador público RTHK, está, agora, a impulsionar novas manifestações pela liberdade de imprensa nesta zona administrativa especial.
A jornalista não foi detida, mas teve de pagar uma multa de 6 mil dólares de Hong Kong (cerca de 575 euros).
Segundo recordou o jornal “Guardian”, Choy foi condenada por investigar a conduta das autoridades na noite do ataque à estação de metro, já que os agentes demoraram mais de meia hora a responder aos alertas e não realizaram quaisquer detenções.
Estas acções foram, altamente, criticadas e suscitaram acusações de conluio, que foram exacerbadas com a partilha de imagens de agentes da polícia ao lado dos atacantes.
Além disso, na reportagem Hong Kong Connection, a jornalista revelou que, ao identificar as matrículas dos carros dos atacantes, conseguiu encontrar ligações ao movimento pró-Pequim.
A condenação surgiu um dia depois de esta reportagem ter sido galardoada com o prémio Kam Yiu-yu Press Freedom.
A jornalista condenada afirmou, entretanto, que o veredicto representa um ataque à liberdade de imprensa em Hong Kong. “É de partir o coração que o magistrado tenha decidido que o acesso a informação pública já não é permitido".
O Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong acusou, entretanto, o governo de criar um precedente perigoso.
Abril 21
“Estas medidas abrem a porta a novas acções legais contra jornalistas por realizarem reportagens”, afirmou aquela organização. “Desta forma, os jornalistas serão, igualmente, dissuadidos de acederem aos registos públicos”.
Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) criticaram, igualmente, a decisão, recordando que a RTHK tem vindo a ser alvo de repressão.
Em resposta, um porta-voz do governo de Hong Kong disse que a imprensa operava livremente na cidade, tendo ficado "horrorizado" com os comentários dos RSF, que "pareciam sugerir que determinados profissionais deveriam ser imunes a sanções legais".
"Os criminosos que infringem a lei devem enfrentar a justiça", acrescentou o porta-voz do governo.
Hong Kong, que começou por ocupar, em 2002, o 18º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos RSF, encontra-se, agora, na 80ª posição, entre 180 países.
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