Página em branco como protesto contra conferência de Imprensa sem perguntas
Por sua vez, o director do Jornal de Barcelos, Paulo Jorge Vila, relata os factos e explica a atitude tomada em Nota da Direcção, publicada no centro do referido espaço. Conforme conta, o convite formulado pela “Comissão Técnica Eleitoral, que vai organizar as eleições autárquicas do PS”, para apresentar os membros do partido, levou o jornal a adiar o fecho da edição para poder estar presente.
Mas, no final dos discursos pelo Presidente da Câmara e pelo Secretário Nacional do PS, os jornalistas foram convidados a sair, sem possibilidade de porem questões.
“Não foi em momento algum referido no convite que não poderiam fazer perguntas. Não nos foi dado o direito de escolha”, diz o director do Jornal de Barcelos, acrescentando que, caso lhes tivesse sido dito, não teriam ido à conferência.
Na mesma nota é afirmado que “o jornalismo se faz através da confrontação de factos e realidades e do exercício do contraditório”, não sendo os jornalistas “meros receptáculos ou caixas de ressonância”.
Recorde-se que uma das propostas aprovadas no 4.º Congresso dos Jornalistas foi o boicote a conferências de Imprensa em que os jornalistas não tenham direito a fazer perguntas. “Fomos os primeiros a dar voz a uma decisão estabelecida no último Congresso de Jornalistas”, diz por seu lado Paulo Jorge Vila, acrescentando que tal foi uma “coincidência”, uma vez que o teriam feito mesmo que esta medida não tivesse sido aprovada em Lisboa, em meados de Janeiro deste ano.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas considera esta medida muito importante para o exercício da profissão, admitindo "ser curioso" que este primeiro efeito das decisões tomadas no Congresso se tenha sentido na Imprensa regional. Sofia Branco diz ainda que quem proíbe os jornalistas de fazer perguntas só pode ser alguém “que vive mal com a liberdade de imprensa”.